Paulo Victor Malta
O técnico Roberto Fernandes se apresentou ao CRB na tarde desta segunda-feira (17), no CT Ninho do Galo, e concedeu a primeira entrevista coletiva como treinador do Galo. Fernandes comentou sobre o elenco, o momento delicado do clube na Série B do Campeonato Brasileiro e o desafio de tirar o Regatas da zona do rebaixamento.
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"[Momento de ser mais técnico ou psicólogo?] Técnico porque o problema do time não é só o lado psicológico. É óbvio. No olhar, a gente sente um grupo abatido. A gente sente um grupo que está pressionado, que não está com a confiança que é necessária ter para que se alcance objetivos. Isso aí não tenha dúvida. Mas também precisa melhorar a própria situação de campo, porque não é só no psicológico que o CRB não vem vencendo. A gente precisa buscar contribuir para que a equipe melhore o seu rendimento, busque ser mais competitiva, esse é um ponto que acho importante".
"A equipe precisa brigar mais pela vitória, se entregar mais pela vitória. Qualidade tem. Se o adversário está jogando contra mim, tecnicamente não é melhor do que eu e está vencendo, é porque ele deve estar com mais vontade, deve estar se dedicando mais. Isso aí temos que melhorar um pouco. Acho que é um pouco de cada trabalho. O trabalho de campo é muito importante porque vamos ter apenas quatro dias de treino para o próximo jogo, que é uma grande decisão", discursou.
Roberto Fernandes é o quarto técnico do CRB na temporada e também nesta Série B. Antes dele, o Galo contou com Mazola Jr, Júnior Rocha e Doriva, este último demitido após a derrota para o Brasil-RS em Pelotas. Com o revés no Rio Grande do Sul, o Galo foi ultrapassado pelo adversário gaúcho, ficou nos 29 pontos e caiu para a 17ª posição, na zona do rebaixamento.
A primeira missão de Fernandes é o duelo com o Coritiba já nesta sexta-feira (21), às 20h30, no Estádio Rei Pelé, em Maceió. O treinador não vai contar com o atacante Neto Baiano, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Logo depois, o CRB mede forças com o CSA no Clássico das Multidões. O mando de campo será do Galo.
Veja outros trechos da entrevista.
Primeira impressão
"Impressão muito boa das condições de trabalho, do centro de treinamento. Bastante compatível com as equipes da Série B. Em termos dessa condição de trabalho, o CRB não fica devendo a ninguém. Se não tem o melhor, está longe de ter o pior. E também uma boa impressão do grupo. Tem atletas experientes, atletas que já rodaram por grandes clubes. Atletas que têm a capacidade... Se a gente encontrar o direcionamento certo, de reencontrar o caminho das vitórias, que ajude o CRB a sair dessa situação incômoda de Z-4".
Sem possibilidade de contratar
"Cara, é você buscar os reforços dentro do clube. Quantos jogadores que estão hoje no CRB, sejam aqueles que são titulares e não vêm rendendo o que podem render, sejam aqueles que são reservas, independente do CRB conseguir escapar ou não do rebaixamento, nós vamos ver contratados por equipes rivais do mesmo porte do CRB na próxima temporada".
"Então tem, principalmente em relação a elenco. Já que não tem a possibilidade de inscrever ninguém de fora, a gente precisa recontratar quem está dentro, recuperar quem está dentro. Aquele jogador que está tendo pouco oportunidade ou até mesmo aqueles que são titulares e no passado recente já teve rendimento melhor do que está tendo agora. É buscar voltar a render o seu melhor".
Salários em dia, pressão e cobrança
"Isso aí aumenta ainda mais a responsabilidade de treinadores e jogadores. Quando a condição de trabalho e o salário não estão compatível com a cobrança, eu acho injusto. Mas hoje está compatível. Então nós estamos sendo cobrados e quando digo "nós" eu já me incluo junto aos atletas por aquilo que é oferecido e pela capacidade daqueles que estão aqui".
"Acho que é absolutamente legítima a cobrança, não só da imprensa, mas principalmente do torcedor e do próprio presidente. Para nós, para mim como treinador e para os atletas, isso aumenta um pouquinho nossa parcela de responsabilidade. O clube está fazendo a parte dele. Cabe a nós melhorarmos e fazermos um pouco melhor a nossa".
Recuperar jogadores
"A gente tem que buscar soluções diferentes. Essa resposta com mais propriedade, eu vou te dar com uma sequência de trabalho. Acredito muito em Deus. E acredito abaixo de Deus no trabalho. O discurso é bom pra caramba, mas o bom mesmo é ali dentro das quatro linhas durante a semana, repetição, cobrança e buscar soluções ali dentro".
"Tem que arrebentar é no jogo. No treinamento é importante. É buscar as soluções com aquilo que venho batendo na tecla, que é buscar recuperar uma melhor condição de cada um deles, o porquê de não estar rendendo o que pode render e tentar ajudar para que eles voltem a ter esse rendimento. Se outros treinadores passaram e não conseguiram, e eu também não conseguir, isso quer dizer que eu também não sou tão ruim. E se eu conseguir, vocês conversam com o presidente para me dar um prêmio especial aí (risos)".
Apresentação
"Só colocando a par da apresentação, dos quatro oradores, eu fui o que falei menos. Queria ter falado mais e fui o que falou menos. Falou o presidente, falou o presidente da federação, falou o conselheiro. Fiquei com a última parte. Quando olhei para a cara dos guerreiros, eles já estavam tão cansados de ouvir, que falei "Vamos trabalhar" (risos). Eles foram para a academia e concluem o trabalho de campo comigo neste primeiro contato que vamos ter com os atletas que não jogaram".
Discurso
"Isso foi um dos temas que falei com eles na nossa apresentação. O treinador, principalmente quando chega da forma que estou chegando, no fim, para fazer 11 jogos, sem poder trazer jogadores que tenham mais o meu perfil e também sem tempo suficiente. Costumo dizer o seguinte, imagina o jogador que está no CRB desde o início da temporada. Chega o Mazola com uma forma, uma metodologia, a visão dele. Começa a encher o pote. Sai o Mazola, começa agora o Júnior. Sai o Júnior, vem o Doriva. Agora o Roberto".
"Eu não estou pegando mente fresca. Estou pegando mente cheia. Estou pegando o copo cheio. Se eu botar além da conta, vai transbordar. Tenho que tentar ser cirúrgico. Colocar minha experiência em outras situações como essa em prol do grupo para que a gente saia dessa situação".
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