Folhapress
O governo federal tem um potencial estimado em R$ 990 milhões em privatizações e desinvestimentos que poderão ser usados para abater a dívida do país, afirmou Salim Mattar, secretário de desestatizações, nesta quarta-feira (3).
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Desse total, a maior parte (R$ 490 milhões) viriam da venda de estatais. A conta, que é estimada, também inclui a desalavancagem de bancos públicos, concessões de infraestrutura e a venda de imóveis.
"Temos a responsabilidade de transformar esse potencial em 'cash' [dinheiro]".
Em um discurso que animou bastante a plateia de um evento do banco Bradesco, em São Paulo, Mattar disse ainda que o governo vai superar a meta de arrecadar US$ 20 bilhões em desestatizações só neste ano.
"Já entregamos US$ 3,4 bilhões em privatização. Também temos um pipeline de US$ 9 bilhões da TAG [valor estimado para a venda da rede de gasodutos da Petrobras]. Temos o hábito de superar metas, apesar de não existir remuneração variável nem prêmios, vamos superar a meta em no mínimo 50%, estamos muito animados."
Nas últimas semanas, o secretário vinha falando que a prioridade do governo neste momento era a aprovação da reforma da Previdência, e que privatizações não eram o foco principal. Questionado sobre o tema ao fim do evento, ele preferiu não dar entrevista.
Em seu discurso no evento, porém, voltou a destacar que a reforma é o assunto mais importante neste momento e admitiu que a economia poderá ser menor do que o R$ 1 trilhão definido como meta pelo ministério da Economia.
"Estamos convictos de que vamos conseguir [aprovar]. Há sim muito barulho. Bons analistas acham que [a economia da reforma] ficará em torno de R$ 600 bilhões, R$ 700 bilhões. Há sim essa possibilidade. Mas ainda trabalhamos com o cenário de [uma economia de] R$ 1 trilhão."
Roadshow nos estados Hoje, o Brasil tem 440 empresas estatais, das quais 134 são da União. "Vamos privatizar as que forem viáveis, as que forem possíveis", disse ele.
Mattar ainda destacou que ficarão de fora das privatizações a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES.
Além disso, listou estatais menores que serão mantidas, mas que poderão virar autarquias, como a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), a Emprapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a Amazul (empresa ligada ao programa nuclear brasileiro), entre outras.
Para acelerar a desestatização nos estados, Mattar afirma que fará um roadshow com dez governadores dos "principais estados". "Vamos ajudá-los. [Perguntaremos] O que você está precisando de recursos? O que você tem de ativos? Que tal a gente conversar?".
O secretário ainda negou que estivesse frustrado, em referência a uma entrevista publicada pela revista Veja, que dizia que Mattar se mostrava desanimado com resistências internas no governo em relação às privatizações.
"Por favor, esqueçam isso. Vocês acham que estou frustrado? Eu acho que não tenho cara de estar frustrado, então por favor releguem essa informação."
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