Quem foi São João Batista? Por que ele é tão reverenciado? Como surgiu a tradição da fogueira? Saiba aqui…

Publicado em 24/06/2024, às 12h45

Redação

Por que 24 de junho é, tradicionalmente, a data em que se reverencia São João?

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Como a data se inseriu nos rituais da Igreja Católica?

Esses e outros esclarecimento a respeito de São João estão no texto a seguir, originalmente veiculado no portal UOL:

 

“Conhecido como santo festeiro, São João é celebrado hoje (24). Ele é o segundo religioso homenageado nas festas juninas. São Pedro e São Paulo, no dia 29 de junho, finalizam as comemorações populares. Além deles, Santo Antônio, no dia 13, é o primeiro da lista.

São João é João Batista, o homem que, segundo a Bíblia, batizou Jesus Cristo. Ambos teriam sido parentes, já que suas mães, Maria (de Jesus) e Isabel (de João Batista) seriam primas.

João Batista era só seis meses mais velho do que Jesus, mas pavimentou o caminho pelo qual percorreria a grande figura católica.

‘Ele se tornou um profeta que anunciou Jesus Cristo como o Cordeiro de Deus. Ele tinha influência como pregador. Tanto que ele é conhecido nas tradições bíblicas como a voz que grita no deserto e é testemunha da luz, que é Jesus.’ (Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor na faculdade de teologia da PUC de São Paulo).

Seria, então, João Batista uma espécie de concorrente de Jesus? Muito pelo contrário, dizem especialistas.

‘Ele não tinha a pretensão de ocupar o lugar de Jesus. Tanto que, quando surge a pregação de Jesus, ele se retira de cena. Ele se destaca por ser um profeta, mas ele precede Jesus. Há uma diferença básica, talvez, no conteúdo porque toda a pregação dele é sobre conversão, que o Messias está para chegar. E, quando o Messias chega, ele diz que o tempo acabou’, aponta Fábio Enrique de Souto, padre e professor da Universidade Católica de Brasília.

O fim da vida de João Batista foi trágico. Ele foi preso a mando de Herodes Antipas, espécie de administrador da região. Salomé, filha de Herodes, posteriormente pediu que João Batista fosse decapitado. A morte do futuro São João teria acontecido em 29 de agosto do ano 29.

Se a morte de João Batista teria sido em 29 de agosto, por que se comemora o dia de São João em 24 de junho, e não no dia de sua morte como para tantos outros santos? A resposta está em dois fatos peculiares.

O primeiro é que São João é um dos poucos santos venerados na Igreja Católica que possuem duas datas litúrgicas: a de nascimento (24 de junho) e a de morte (29 de agosto). O mais comum é que a data ‘oficial’ da festa seja a da morte do santo, casos de Santo Antônio, Santa Rita de Cássia, São Jorge, entre outros. Como São João é conhecido como ‘anunciador’, o nascimento do santo também é motivo de festejos litúrgicos pela igreja.

‘É justamente porque ele é o personagem que anuncia imediatamente Cristo na sagrada escritura. Ele é o precursor de Jesus, no nascimento, na missão e também na morte’, diz Sobrinho.

‘O segundo fato é que, segundo a tradição, João Batista seria seis meses mais velho do que Jesus. Como o Natal ficou convencionado para o dia 25 de dezembro, o nascimento de São João ficou ‘acordado’ para 24 de junho.’

‘Não dá para dizer que João Batista nasceu, mesmo, em 24 de junho. A data foi firmada em torno do século 4º’, completa o professor da PUC-SP.

Como a data do nascimento de São João Batista foi convencionada, é possível supor que, a exemplo da Páscoa, o dia de São João foi ressignificado. Historicamente, o 24 de junho cai dias após o solstício de verão no hemisfério Norte.

‘As festas, na Europa, estão ligadas à colheita. São festas pagãs, mas não há como precisar, historicamente, como isso começou. Posteriormente, por volta do século 12 ou 13, o catolicismo se apropria e insere o tempo litúrgico nessas festas. As festas juninas são bem emblemáticas porque trazem essa alegria da devoção. A colheita é vida, então, a festa junina traz isso.’ (Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP e mestre em história).

A festa de São João, portanto, ganhou corpo dentro da Igreja Católica. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, a partir de 1500, trouxeram, além das tradições católicas, as festividades religiosas.

‘Os portugueses tinham as chamadas festas joaninas. No Brasil, fomos secularizando e transformamos em festa junina, de mês de junho. Há grandes influências da cultura indígena nos alimentos à base de milho, mas se conserva a tradição portuguesa e europeia das quadrilhas’, acrescenta Enrique de Souto.

A força de São João, sobretudo na região Nordeste do Brasil, tem ligação com a colonização do Brasil. Lá houve um enraizamento da cultura portuguesa, com São João sendo forte principalmente no interior com o catolicismo popular na vida do sertanejo.

No imaginário popular e religioso, muitos santos são atribuídos a símbolos e a capacidades. São Jorge é o santo guerreiro; Santo Antônio é o santo casamenteiro.

E São João? Além de João Batista ser associado com a imagem do cordeiro —pelo fato de anunciar a vinda do Cordeiro de Deus, isto é, Jesus—, o santo tem ligação com a fogueira.

‘A fogueira é acesa no dia 23 para o dia 24 como o sinal da luz. João Batista é o homem que pregará a luz do homem. É por isso que se tem as fogueiras nas festas juninas’, explica o padre Felipe Sobrinho.

Além disso, há uma outra razão, segundo Souto: a mãe de João Batista, Isabel, teria feito uma fogueira para avisar Maria que estava prestes a parir e precisava de ajuda.”

 

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