Paula Leite/Folhapress
Eu me lembro da primeira vez em que entrei na internet; deve ter sido lá por 1996. No navegador em um computador no trabalho de meu pai, digitei www. disney.com.br e, lentamente, pela conexão discada, apareceu uma página com informações sobre o Mickey e sobre filmes da empresa.
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O www do endereço acima foi o que permitiu que muitas pessoas, como eu, acessassem a internet pela primeira vez. A internet já existia antes da World Wide Web, com interfaces só de texto em que era possível ler notícias e trocar mensagens.
O que o cientista inglês Tim Berners-Lee fez há 30 anos foi inventar um protocolo -uma série de regras- para que programas de computador chamados navegadores pudessem acessar informações organizadas em páginas, ou websites.
As páginas podem conter texto, imagens, vídeos e outros recursos e ser linkadas umas às outras.
Essa arquitetura de sites ligados uns aos outros forma a internet que, até o advento dos smartphones e apps, era a mais visível; aquela que vemos quando abrimos um navegador, fazemos uma busca no Google ou acessamos páginas como a Wikipédia ou o YouTube.
A internet, é claro, serve como base para muitas outras aplicações, como email, mensagens de texto, redes fechadas de empresas etc.
Mas a web foi a porta de entrada da internet para o grande público e onde se encontra até hoje boa parte da informação difundida pela rede mundial de computadores.
Sua prevalência só chegou a ser ameaçada mais recentemente, com a ubiquidade dos smartphones e seus apps, que usam uma outra arquitetura e ecossistema, apesar de muitas vezes "conversarem" com informações puxadas da web.
A chamada internet das coisas, aquela dos carros e geladeiras conectados, também se dá em boa parte fora do âmbito da web.
Com o celular na mão de todos o tempo todo, não dá para negar que os hábitos de navegação mudaram.
Navegadores como Chrome e Internet Explorer não têm no smartphone a dominância que têm no desktop como forma de buscar informações e de se conectar.
As principais gigantes da internet de hoje -Google, Facebook, Twitter, YouTube, Netflix- nasceram na web criada por Berners-Lee e só depois passaram a estar também nos dispositivos móveis.
Já existe, no entanto, uma nova geração de empresas nascidas como apps: nomes como Spotify, Instagram (depois comprado pelo Facebook) e Uber, criados a partir de uma lógica bastante diferente da das páginas da web.
A web sobreviverá, provavelmente, até pelo volume de conhecimento humano que está registrado em bilhões de sites. A interação dos humanos com a internet, porém, vai cada vez mais além da arquitetura criada pelo pioneiro Berners-Lee.
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