Projeto do ONU-Habitat divulga depoimentos de moradores das grotas sobre a pandemia

Publicado em 23/09/2020, às 19h22
Divulgação/Agência Alagoas -

Agência Alagoas

"A pandemia não acabou!". O recado foi dado por uma jovem moradora do Vale do Reginaldo, em Maceió, em um dos vídeos produzidos para o Projeto Emergencial de Monitoramento da Covid-19 nas grotas de Maceió, realizado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) em parceria com o Governo de Alagoas nas grotas da capital alagoana.

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Desde a última sexta-feira (18), uma amostra dos primeiros resultados do conteúdo audiovisual captado por nove jovens residentes em diversas comunidades da capital pode ser conferida no perfil do Instagram @visaodasgrotas. O grupo tinha a missão de registrar a percepção e o conhecimento geral sobre o novo coronavírus na grota em que vive. São quatro fases de filmagens e registros com temas diferentes, e ao final, o material será editado e enredado como um documentário no formato curta-metragem.

Após a primeira semana com o celular na mão e muitas ideias na cabeça, as imagens em foto e vídeo e os depoimentos coletados foram elogiados pela coordenação do projeto. “Nós recebemos todo o material – tanto as fotos quanto os vídeos – que solicitamos na primeira fase e estamos extremamente satisfeitos com o retorno, o engajamento e o comprometimento em produzir os materiais ”, pontua Paula Zacarias, Analista de Programas do ONU-Habitat em Alagoas.

Como bem apontou Taunan Santos Silva, 18 anos, morador da grota José Laranjeiras, no Jacintinho, “a pandemia afetou a todos, independentemente de classe, cor e gênero, mas é inegável que para alguns, ela afetou ainda mais. A desinformação é maior nas favelas e as informações devem ser adaptadas para as camadas mais pobres”, complementou.

Assim como ocorreu na primeira fase, o grupo participou de uma nova oficina de comunicação popular, ocorrida virtualmente na última quinta-feira (17), com o objetivo de oferecer orientações técnicas para produção audiovisual, bem como apresentar o tema da segunda rodada de captação. Se no primeiro encontro a oficina foi intitulada “Eita, que vírus é esse?”, para o segundo momento eles foram orientados a trabalhar com o mote “A pandemia na minha quebrada”.

Agora, os nove integrantes terão até o próximo dia 24 de setembro para apresentarem novas fotos e vídeos com imagens e depoimentos pessoais e de moradores das grotas em que vivem, destacando aspectos habitacionais, urbanos, sociais, culturais e econômicos dessas comunidades.

Produção de dados

Em paralelo às atividades desenvolvidas pelos jovens, o projeto tem também um componente voltado para a produção de dados estatísticos que vem, desde o final do mês de julho, ouvindo moradores das 100 grotas de Maceió por meio de entrevistas realizadas por ligações telefônicas.

E, neste caso, atenção para três informações importantes. A primeira é que, como o escritório do ONU-Habitat no Brasil fica no Rio de Janeiro, as ligações para os moradores das grotas possuem o DDD 021. A segunda é que os entrevistadores irão fazer diversas perguntas pessoais e sobre o domicílio, inclusive sobre trabalho e sobre valores e fontes de renda de cada morador, mas todas as informações fornecidas são confidenciais e não serão divulgadas ou repassadas para terceiros. Por fim, os entrevistadores não solicitam informações e número de documentos pessoais como RG, CPF ou dados bancários. Caso isso ocorra, desligue o telefone imediatamente.

“Vamos continuar fazendo perguntas relacionadas à saúde e vamos fazer mais perguntas detalhadas sobre trabalho e renda das pessoas nas grotas, além de abordar questões relacionadas a ensino pela Internet e retorno às aulas presenciais”, explica Jônatas Ribeiro de Paula, Analista de Programas do ONU-Habitat em Alagoas.

O objetivo é ouvir um total de 2.400 pessoas e, até o final do mês de outubro, apresentar um diagnóstico que poderá servir de base para gestores e governantes elaborarem políticas públicas e projetos de sustentabilidade urbana para as áreas urbanas mais vulnerabilizadas e afetadas pela pandemia na capital.

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