Assessoria
As madrugadas do Corujão do Arte Pajuçara são lembradas por sessões marcantes, que trouxeram para Maceió nomes como Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor”), Anna Muylaert (“Que Horas Ela Volta?”), Cláudio Assis (“Febre do Rato”) e Selton Mello (“O Palhaço”), entre muitos outros.
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A próxima edição do evento, que acontecerá no sábado (25), reserva um momento especial na carreira do cineasta brasiliense João Paulo Procópio, 38. Será a estreia em Alagoas de “Marés”, seu primeiro longa-metragem como diretor.
Com filmes premiados como “O Último Cine Drive In”, de Iberê Carvalo, e “O Fim e os Meios”, dirigido por Murilo Salles, no currículo de sua produtora, João Paulo mostrou “”Marés” pela primeira vez em 2018, na Mostra Brasília (como parte da programação do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro). O longa deve entrar no circuito de cinemas ainda no segundo semestre de 2019.
Nascido no Rio de Janeiro e radicado no Distrito Federal, Procópio sempre nutriu forte apreço pelo estado, onde a maior parte de sua família sempre viveu. A relação se aprofundou mais ainda quando ele decidiu transformar Alagoas em residência fixa, no ano passado.
“Exibir o filme em Maceió tem um sabor especial. Primeiro porque, objetivamente, a primeira intenção era exatamente filmar em Maceió. Mais especificamente no Jaraguá. O roteiro, em seus primeiros tratamentos, abusava do universo do bairro, onde de manhã se concentram órgãos diversos da burocracia como bancos e repartições públicas, e à noite reúne a boemia mais diversificada das farras maceioenses”, explica o diretor, que estará presente na sessão para debater com o público.
Os planos de rodar o longa em Maceió não se concretizaram, segundo ele.
“Por dois anos tentei captar recursos em Alagoas para o projeto mas não obtive êxito, então trabalhei novos tratamentos do projeto que passaria a acontecer em Brasília - e obviamente essa adequação trouxe novas cores e novos sabores, mais com a cara da capital federal, lugar que também chamo de lar”, diz.
Segundo a sinopse, o enredo acompanha a jornada de Valdo, um talentoso fotógrafo de Brasília apaixonado por sua companheira, a artista argentina Clara. Ambos conseguem manter a rotina do casal dentro de uma dinâmica onde conciliam seus prazeres. Carinho, sexo, música, álcool e drogas os unem nessa cumplicidade. Até que Clara descobre que está grávida e uma nova realidade se impõe aos dois: Clara logo percebe que a vida como era, pelo menos por ora, é inconciliável com a maternidade. Mas Valdo, não. Agora, Valdo precisa encarar seu alcoolismo para não perder a guarda da filha.
“Marés é um filme que comecei a trabalhar o roteiro em 2013. Surgiu de uma intuição sobre os desafios de retratar um personagem que sofre de alcoolismo: um tipo estigmatizado, visto como pária pela sociedade, e que na verdade são indivíduos que sofrem de uma grave doença”, conta João Paulo sobre a sua motivação de tratar de um tema tão delicado.
“Somos solidários a quase todas as outras enfermidades, mas ao alcoólatra tendemos renegar a distância. A pesquisa para a construção de Valdo, iniciei em Maceió, entrevistando boêmios, alcoólicos e familiares. Em um primeiro momento coletando perfis e descrição de cenas. Nessa etapa da pesquisa percebi como eram díspares os relatos entre amigos de alcoólatras, que invariavelmente narravam histórias engraçadas, absurdas; e os relatos de familiares, muitas vezes marcados por enorme melancolia e decepção”, diz.
Após a exibição no festival de Brasília, o filme aos poucos tem encontrado o público em exibições como a que vai acontecer em Maceió, no Corujão. Segundo o diretor, a apreensão da obra se relaciona com a experiência de cada espectador.
“Marés é um filme de personagem e as respostas ao filme pelo público que já teve a oportunidade de assistir vem sendo absolutamente interessantes, pois buscamos humanizar a condição do alcoólatra e, portanto, depende muito das experiências de cada espectador com o tema para se definir a forma como ele se relaciona com a obra. As audiências têm rendido papos reveladores sobre o filme e sobre as próprias experiências dos espectadores. Já vi defesas apaixonadas e ataques furiosos ao personagem protagonista”.
SERVIÇO:
O quê: Sessão de preestreia do longa-metragem “Marés”, de João Paulo Procópio, seguida de debate com o diretor
Onde e quando: No sábado (25/05), a partir das 23h, no Arte Pajuçaça
Ingresso: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada)
Demais atrações: Filmes “Inferninho” (01h30) e “Amanda” (04h). O músico Junior Almeida se apresenta no intervalo entre os filmes, às 3h.
Programação completa e mais informações: artepajuçara.com.br
SOBRE O DIRETOR:
Roteirista, diretor, montador e produtor executivo, João Paulo Procópio tem uma diversificada carreira na cadeia produtiva do audiovisual. Marés marca sua estréia na direção de longa-metragem. Sócio da produtora Pavirada Filmes, dentre outros trabalhos o cineasta assina a produção executiva e montagem do premiado curta “Rosinha” (dir.: Gui Campos); a montagem do também multipremiado “O Último Cine Drive In”, longa dirigido por Iberê Carvalho; e a produção executiva do documentário musical “Mobília em Casa - Móveis Coloniais de Acaju e a Cidade”, dirigido por José Eduardo Belmonte. É coprodutor do longa-metragem “O Fim e os Meios”, escrito e dirigido por Murilo Salles, além de diretor dos curtas “Colher de Chá” e “Brasília (Título Provisório)”, vencedor do troféu candango de melhor curta pelo crivo do júri popular no 41 Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Atualmente é o responsável pela montagem do longa-metragem “Cavalo”, dirigido por Werner Salles e Rafhael Barbosa, e também a produção executiva de “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar”, estréia em direção de longas da atriz e diretora Marcélia Cartaxo. Produzirá também o longa de estréia de ficção do alagoano Rafhael Barbosa, “Olhe Para Mim”. Vindo de Brasília, João Paulo reside em Maceió desde junho do ano passado.
MARÉS (84', DCP - 2018/DF)
Roteiro e direção de João Paulo Procópio
Uma produção da Pavirada Filmes
Distribuição: ELO Company
ELENCO: Lourinelson Vladmir, Julieta Zarza, Pina Procópio, Fernanda Rocha, Vinícius Ferreira, Bianca Terraza, Fernando Teixeira, Zoraide Coledo, Sérgio Satório, Camila Guerra, Catarina Accioly, Zezita Matos.
FOTOGRAFIA: André Lavenère
MONTAGEM: Zepedro Gollo
DIREÇÃO DE ARTE: Maíra Carvalho
EDIÇÃO DE SOM: Olívia Hernandez Fernandez
TRILHA SONORA: Sascha Kratzer
MIXAGEM: Paulo Gama
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