Premiê israelense recebe Bolsonaro em meio à campanha eleitoral

Publicado em 31/03/2019, às 11h51
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Folhapress

A chegada do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, parecia mais uma convenção do Likud, o partido do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

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Para a recepção no aeroporto, sob forte chuva e que não durou mais do que 20 minutos, alguns dos principais nomes do partido estiveram presentes, entre eles o ministro de Segurança Interna, Gilad Erdan; o ministro dos Transportes, Yisrael Katz; o ministro de Energia, Yuval Steinitz; o ministro da Ciência e Tecnologia, Ofir Akunis; e a vice-chanceler Tzipi Hotovelly.

A presença maciça da cúpula do partido governista demonstrou a importância dada por Netanyahu à visita de Bolsonaro a Israel.

Além de ter ido pessoalmente ao aeroporto –algo raro, principalmente diante da chuva torrencial que só parou um pouco durante a cerimônia–, Netanyahu também surpreendeu ao discursar em hebraico e não em inglês, como costuma fazer ao receber líderes internacionais.

 Motivo: para ele, falar para o público interno, no momento, é mais importante do que discursar para ouvidos internacionais.

A nove dias dias das eleições, Netanyahu lida com diversas crises ao mesmo tempo: as acusações de corrupção, a tensão com o Hamas na fronteira com a Faixa de Gaza, as acusações de que permitiu à Alemanha vender submarinos avançados para o Egito sem consultar nenhum de seus assessores... Tudo isso influencia na situação complicada do Likud nas pesquisas eleitorais.

 O partido de Netanyahu está em segundo lugar pelas pesquisas, atrás (por pouco) da legenda Azul e Branco, do arquirrival Benny Gantz –um general da reserva e ex-chefe das Forças Armadas que, mesmo não tendo o carisma político de Netanyahu, conseguiu montar um partido de centro que atrai a classe média e os direitistas light que preferem ver Netanyahu aposentado.

 Para Netanayhu, receber o presidente do maior país da América Latina é prova de que sua diplomacia da última década deu certo: Israel se aproximou de vários países africanos, do Leste Europeu e até mesmo do mundo árabe (mesmo que informalmente).

Isso melhora, segundo ele, a posição geopolítica do país em fóruns internacionais. Mesmo que Israel continue a ser admoestado pela ONU e outras organizações, pelo menos há mais votos pró-Israel ou abstinências.

 É como estadista mundial que Netanyahu quer se apresentar a seus eleitores. Bolsonaro é, nesse sentido, seu trunfo pré-eleitoral.

Mesmo que o presidente brasileiro não anuncie a transferência da embaixada do Brasil para Jerusalém, só o fato de estar aqui, de ir ao Muro das Lamentações oficialmente –e ainda por cima com Netanyahu a seu lado– é bom para a campanha do primeiro-ministro.

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