“Político que não controlar a inflação não vai ser reeleito, não vai fazer seu sucessor”, diz um dos criadores do Plano Real

Publicado em 30/06/2024, às 17h26 - Atualizado às 17h43

Redação

Neste mês de junho completa 30 a implantação, em 1994, do Plano Real, principal marca histórica do governo do presidente Itamar Franco.

O objetivo era estabelecer uma política econômica que baixasse a inflação a um patamar aceitável, já que chegara a alcançar cerca de 70% ao mês.

O Real alcançou plenamente seus objetivos e se transformou na principal bandeira de campanha de Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda que se elegeu por duas vezes seguidas presidente da República.

A avaliação sobre esse período é de Luiz Guilherme Gerbelli e Ricardo Grinbaum, no “Estadão”:

“Último nome da equipe do Plano Real a integrar o governo em 1993, o economista Persio Arida avalia que a democracia tem sido a garantia da estabilidade econômica no País. Na gestão de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, Persio foi escalado para comandar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Depois, quando o tucano foi eleito presidente do Brasil, assumiu a presidência do Banco Central.

‘O fato de a dinâmica eleitoral e a democracia terem forçado a edição de vários planos explica por que nós estamos aqui até hoje com a inflação baixa. Político que não controlar a inflação não vai ser reeleito, não vai fazer seu sucessor’, diz.

Persio sempre esteve envolvido no debate sobre a hiperinflação brasileira e foi uma das principais cabeças por trás do Plano Real. Com a união das ideias de André Lara Resende, deu origem ao que se chamou de Plano Larida, uma espécie de embrião do Plano Real.

‘Eu fui para o governo já com clareza que era para fazer um plano de estabilização. Não era só para dirigir o BNDES. Durante o real, eu tive uma espécie de jornada tripla. Era tocar o BNDES, fazer o Plano Real e a família, que ficou em São Paulo. Durante um ano e meio, eu peguei avião todos os dias. Todo dia eu pegava um avião entre São Paulo, Rio e Brasília’, afirma.

Hoje, lamenta que a agenda de reformas tenha ficado para trás. E diz que o Brasil precisa abrir a economia, reduzir impostos, avançar na privatização e fazer uma revisão de gastos. ‘Várias reformas estruturais importantíssimas estão fora do radar’.”

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