Carlos Villela / Folhapress
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul confirmou que encontrou uma nota fiscal referente à compra de arsênio no celular de Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar o bolo que causou a morte de três pessoas em dezembro, em Torres, no litoral norte do estado.
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A nota fiscal apresentava o nome de Deise como destinatária, e a entrega foi feita pelos Correios. Segundo a polícia, ela teria realizado quatro compras do produto online em um período de cinco meses.
Deise também é investigada sob suspeita de envenenamento do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, morto em setembro. A polícia suspeita que ela tenha adicionado arsênio ao leite em pó consumido por ele durante o último café da manhã antes de sua morte.
A polícia busca entender como a suspeita conseguiu comprar o arsênio, uma substância de venda controlada no Brasil.
Em entrevista coletiva realizada na última sexta-feira (10), a delegada regional de Capão da Canoa, Sabrina Deffente, afirmou que há fortes indícios de que Deise cometeu outros envenenamentos nos últimos anos, além dos casos registrados em setembro e dezembro.
No entanto, os investigadores não divulgaram detalhes sobre esses indícios ou as possíveis vítimas.
Além da nota fiscal do produto, a polícia identificou no celular de Deise pesquisas em aplicativos de busca com termos como "veneno que mata humano", "veneno para o coração" e "veneno arsênio".
Segundo os investigadores, ela teria dito que as pesquisas ocorreram após o resultado laboratorial indicar a presença de arsênio no organismo das vítimas. Entretanto, a polícia diz que foram encontradas pesquisas em outras datas.
A polícia apura que Deise tinha um desentendimento de longa data com a sogra Zeli Teresinha dos Anjos, responsável por preparar o bolo.
Durante a investigação, a polícia descobriu que um grupo de idosas esteve em risco de envenenamento dias antes da confraternização familiar em que o bolo foi servido. Zeli iria participar de um chá com mulheres de uma associação da terceira idade na cidade de Arroio do Sal, e era a responsável por preparar o bolo do encontro, que acabou não acontecendo.
A farinha contaminada por arsênio foi usada para fazer a sobremesa servida na confraternização familiar no dia 23 de dezembro, na qual seis pessoas comeram o bolo e três morreram. Maida Berenice Flores da Silva, 59, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, irmãs e sobrinha de Zeli.
Uma criança de dez anos, filho de Tatiana, chegou a ser internado logo após consumir o bolo mas teve alta. Zeli deixou a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do hospital de Torres no dia 6 de janeiro, e teve alta hospitalar na última sexta após três semanas internada.
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