UFRN
Conhecido cientificamente como Cacicus cela, o pássaro xexéu tem características marcantes, por ser negro com penas amarelas nas asas e na parte inferior da cauda, além de ter o bico branco e os olhos em tom azulado. Além desses atributos físicos facilmente identificados, ele se destaca pelo canto, que dá a impressão de haver vários pássaros entoados em um só coro. Com o mesmo gosto pela melodia, na região Agreste do Rio Grande do Norte, em 13 de maio de 1938, nasceu João Gomes Sobrinho, que começou ainda criança a improvisar rimas e a tomar gosto pela sonoridade das palavras.
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Devido à semelhança sonora com a ave, sua família e amigos passaram a chamá-lo pelo nome do passarinho, sendo hoje conhecido como Poeta Xexéu. Natural do município potiguar de Santo Antônio, o mestre cantador nasceu no Sítio Lajes e aprendeu a cantar assistindo a outros cantadores de viola. Reconhecido na sua área, ele recebeu o diploma de declamador de cultura popular e o certificado de mestre pela Fundação José Augusto, bem como foi agraciado como Patrimônio Imaterial da Cultura Popular do Rio Grande do Norte e pertence à Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel, ocupando a cadeira número 30, cujo patrono é o poeta Luiz Souza da Costa Pinheiro.
Apesar da vocação pelo mundo das letras, Xexéu frequentou a primeira sala de aula somente no final da década de 1950, quando passou um período morando em Recife-PE. Ele recorda que andava por todos os lados com um livrinho do ABC dentro do chapéu, quando criança, pois seu sonho era ler e escrever. Então, ao notar sua inteligência e interesse pela escrita, um amigo de seu pai o levou para viver na capital pernambucana durante a juventude. Contudo, com o adoecimento do pai, retornou à terra natal com o curso ginasial e cada vez mais interessado pela poesia.
Ao longo de oito décadas de vida, ele contabiliza hoje que já escreveu mais de 800 poemas de cordel, abordando diversos temas como a cidade e o sítio onde nasceu, em Minha terra; suas referências musicais, no poema Cem anos sem Gonzagão; assim como temáticas de cunho social, como em A terra pede socorro, A farsa do passe livre ou O retirante da seca, rimas que revelam sua consciência sobre a preservação da natureza, transporte público ou a seca do Sertão, respectivamente. “Faço muitas rimas sobre a natureza, mas também faço sobre tudo que me pedem desde que sejam histórias reais, coisas que realmente aconteceram”, explica Xexéu.
Em 2018, esses textos de autoria de Xexéu foram publicados no livro Cantos da manhã e, no Dia Nacional da Poesia, 14 de março de 2019, haverá o lançamento do material, no município de Santo Antônio-RN. A publicação foi possível em virtude do Programa Chão de Saberes, que é fruto do Plano de Cultura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com o Ministério da Cultura (MinC).
Cultura na UFRN
O Plano de Cultura da UFRN é um documento norteador e executor, que foi aprovado em 2015 pelo MinC e pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do edital “Mais Cultura nas Universidades”. Entre mais de 100 instituições públicas de ensino superior, a UFRN recebeu nota máxima na seleção e ficou em primeiro lugar, o que permitiu a realização de diversos programas, como o o Programa Chão de Saberes; SigaArte na UFRN: arte, cultura, qualidade de vida e meio ambiente; Circuito Cultural da UFRN; Eventos Permanentes da UFRN; Programa Incubadora Cultural; Programa de Acessibilidade Cultural; Programa de Fomento aos Grupos Artísticos da UFRN; Cine UFRN; e Cultura e Memória .
Com vigência até maio de 2019, o Plano possibilitou a implementação e a continuidade de projetos já consolidados na instituição, como o Chão de Saberes, que viabilizou a publicação do livro do poeta Xexéu e é constituído por ações de arte popular, expressões étnicas, participação de mestres acadêmicos e populares, bem como por demais indivíduos, grupos e expressões plurais presentes tanto no âmbito universitário como na comunidade externa. “O Chão de Saberes propõe que ocupemos o chão da universidade e das comunidades, promovendo diálogo entre os saberes acadêmicos e populares”, explica a diretora do Núcleo de Arte e Cultura (NAC), Teodora Alves.
A ação inclui ainda projetos de ensino, pesquisa e extensão que lidam com comunidades quilombolas; indígenas; ciganas; povos de terreiro; pontos de cultura; movimentos que tratam das questões de gênero; estudantes africanos e de demais nacionalidades que estão em situação de intercâmbio na UFRN.
Ainda segundo a professora, ferramentas como o Plano de Cultura da UFRN e a Política Cultural, são importantes na instituição, pois cumprem metas nacionais. Como exemplo ela cita o Plano Nacional de Cultura, aprovado em 2010 e com vigência até 2020, no qual uma das metas é a participação das universidades nas ações culturais, contribuindo com a formação das pessoas e o envolvimento da comunidade. Além disso, está na Constituição brasileira que todo cidadão tem direito a arte e cultura. Confira o Plano de Cultura da UFRN: https://planodeculturaufrn.wordpress.com/.
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