Redação
Até os dicionários os definem como uma “raça de cães caracterizada pelo excesso de força e agressividade”. Os Pit bulls, explica o adestrador do canil do Bope, Rafael Sérgio (confira entrevista completa no final da matéria) que não se pode negar que pit bull tem uma agressividade natural. Mas o que não faltam são exemplos de amizade e convivência com a raça que “desmentem” o dicionário.
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Na semana passada, uma notícia postada na fan page do TNH1 no Facebook - Bebê é internado após ataque de pitbull em PE – levantou a discussão sobre o temperamento da raça, com uma enxurrada de comentários e fotos de criadores com demonstrações de carinho que em nada lembram a fama de “cão de guarda”.
Diante da comoção, o TNH1 contou com a colaboração de alguns dos internautas para uma reportagem que mostra o, digamos, lado dócil da “fera”.
Marley e eu
O operador de telemarketing Erivaldo Melo Santos garante que não tem diferença na convivência com “Marley”, um pit bull de 2 anos e 6 meses, com cara de valente mas “de coração mole”. Sobre o nome do cão é o que todos suspeitam: foi inspirado no filme americano que conta a emocionante história de um labrador.
Erivaldo conta que apesar da fama do pi tbull, foi um vira-lata quem mordeu a sua mãe, tempos atrás.
“É engraçado porque certa vez minha mãe foi mordida por um vira-lata que ela criava. O Marley é um pit bull, mas ela acabou sendo mordida por um vira-lata”, conta Erivaldo com bom humor.
Com o carinho de quem fala sobre um filho, Erivaldo relembra o episódio em que seu cão quase morre engasgado com um osso. “Ele ficou no soro e eu andando pra baixo e pra cima com ele agoniado. Foi tenso. Ele perdeu bastante peso, mas graças a Deus escapou”, conta.
Vejas as imagens de Marley e Erivaldo
David e seu “Golias”, o Negão
Ele tem 6 anos de idade, o nome “Negão” e o porte pode até meter medo, mas seu dono, o técnico em informática David Barbosa, garante que seu pit bull é puro carinho.
No vídeo, você vê um “Negão” brincalhão, enquanto David explica sua visão sobre o comportamento dos pit bulls; este aqui é manso, brincalhão, se dá bem com todo mundo. Tem dono que cria na corrente, não sai com ele, não dá banho, não conversa. O cachorro pode ficar estressado”, diz o dono de “Negão”.
A Vitória de Greg
Na hora de defender seu pit bull da raça american staffordshire Everton Sarmento, morador da Ponta da Terra, perde as contas das qualidades de seu cão de 5 anos de idade.
Mas ninguém melhor para defender o lado “doce” do pit bull “Greg”, do que a filha do Everton, a gracinha Laura Vitória, de apenas 1 ano e dois meses, nas imagens do vídeo que mostram a convivência dos cão em família.
O vídeo enviado pelo pai de Vitória mostra a criança brincando com a mãe num mesmo ambiente que o Greg. Um convivência pacífica que ele conta como começou.
“Um casal amigo nosso passou a morar em apartamento e por isso nos doou. Ele é dócil, inclusive ele chega perto de outros animais, inclusive gatos, e ele não reage, não fica agressivo, muito pelo contrário. Ano passado ele fugiu e uma senhora que nunca o tinha visto botou pra dentro da casa dele, e ele ficou lá sem problema. Ele é muito dócil”, garante Everton.
“Muitos criticam sem conhecer. Isso me deixa triste e com raiva”, desabafa.
“Meu primeiro pit bull foi um american , eu tinha 19 anos, teve uma doença rara e precisou ser sacrificado pois não tinha cura”, relembra.
Bolt, o Supercão de Renata e Guilherme
Renata Leão e o filho Guilherme moravam em Maceió e há um mês foram viver em Arapiraca. Mas com eles foi o Bolt, um Pit bull da raça chevylot. Inseparáveis, Bolt e sua família dividem momentos que Renata registra em vídeos como o que você confere abaixo, onde o pit bull se diverte saboreando um picolé.
"Peguei ele aos 4 meses, morava em apartamento, deixei na casa da minha mãe. Ele é um amor de cachorro, me apaixonei a primeira vez que o vi. Ele sempre foi muito apegado a mim. Foi criado solto. Pra mim ele é considerado um filho. Minhas palavras não conseguem expressar o significado dele na nossa vida", entusiasma-se a dona de Bolt.
"É muito amor envolvido. Não prendo ele pra ninguém entrar na minha casa, ele é sempre solto. Viemos morar em Arapiraca, e claro, o trouxemos", comemora.
Arthur, Apollo e Pandora
Aos 19 anos, Arthur Moraes cria dois exemplares da raça. Apollo, de 3 anos; e Pandora, de 7 meses, são xodós do rapaz, que também já criou outras raças.
Artur conta que inicialmente enfrentou resistência entre a família. "Minha mãe sempre gostou de cão, mas quando falei que era pit bull ela disse não! mas quando eu trouxe o Apollo a três anos atrás ela se apaixonou por ele. Ele um bebê ainda. Hoje todos amam essa raça. Eles são protetores e também muito amáveis", conta.
"Os filhos dos vizinhos sempre brincam com eles. São animais muito dóceis. Vale lembrar que a raça é realmente tranquila, bem humorada, amorosa, mas que eles foram criados antigamente para ser cães de rinha, que o instinto é de combate", teoriza Artur.
Layon: o pitbull “humano”
De tão obediente, o dono de Layon, o fotógrafo Bero Carvalho, brinca dizendo que acredita que seu pit bull foi “humano em outras vidas”.
“Pegamos o Layon quando ele era filhote. Hoje ele tem 7 anos. Por ele ser um cão pit bull, sofremos várias reclamações de vizinhos, que acham que ele seria um cão feroz. Mas ensinamos ele a usar o banheiro, para evitar estresse com vizinhos, como já aconteceu na região de matarem o animal”,
“Layon é comportado. Se você chegar aqui, ele cheira e deita em seus pés. Como se estivesse fazendo a guarda. Costumo dizer que foi humano em outra encarnação”, brinca Bero, que mora em Fernão Velho – ABC.
O dono de Layon diz que tudo depende da educação dada ao cão. “Uma vez ele brigou com outro cachorro que também crio, sentamos os dois na sala e falamos com eles. Porque do mesmo jeito que o cachorro conhece a palavra "pega" ele conhece a palavra "não pode".
A doce Electra
A enfermeira Etherea Almohavidh, de São Paulo, sempre ligada no TNH1 também colaborou com a matéria.
Ela conta que pensou duas vezes antes de trazer para casa a pit bull Electra. “Senti receio porque minha filha já havia sido mordida na bochecha por um labrador, por isso pensamos muito sobre o assunto. Mas a Electra tem um temperamento dócil. Ela é conhecida da garotada do condomínio onde moro”, disse Etherea.
“Paguei a língua” – Etherea diz que era, da família, uma das que tinha mais preconceito com a raça. “Paguei a língua, pois ela é muito dócil e tenho um apego muito grande”, ironiza.
PIT BULL: CONHEÇA MELHOR A RAÇA
Para conhecer melhor tecnicamente os pit bulls, o TNH1 conversou com o adestrador do canil do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, de Alagoas.
Rafael Sérgio cria cães desde muito cedo, e dá algumas orientações sobre a raça. Ele explica que, para entender ataques como o registrado em Pernambuco na semana passada, é preciso considerar alguns fatores:
"Lido diariamente com os magníficos cães da raça American Pit Bull Terrier. É fundamental antes de se ter um exemplar dessa raça saber sua procedência, quem são os pais. Se você esta comprando de um criador responsável. Uma vez que o cruzamento entre irmãos de sangue poderá gerar distúrbios neurológicos e esses distúrbios podem gerar agressividade repentina no cão. Outro fator no quesito procedência é a questão da mestiçagem. Infelizmente os pit bull sofrem muito com esse fator, pois quando ela ocorre de forma irresponsável, sem sombras de dúvidas você terá cães com algum desvio do comportamento que seria normal para os pit bulls", explica o militar.
Cães para criadores maduros
Segundo Sérgio, a raça precisa de um dono que seja responsável com o animal.
"Pit bulls são cães para criadores maduros e responsáveis, pois tem muita energia e essa energia necessita ser gasta para se ter um cão equilibrado. No caso analisado [Em Pernambuco], o que percebi foi um pequeno espaço dedicado ao animal e para piorar a situação, de acordo com o que pude observar na matéria, os responsáveis tinham uma vida corrida e não tinham tempo para passear ou fazer quaisquer outro tipo de atividade física com o animal. O resultado disso é uma frustração e acumulo de energia. O que fatalmente também esta ligado a agressividade repentina", observa o adestrador.
Criação é determinante
O especialista comprova as impressões dos criadores citados na matéria. Muita coisa do comportamento do cão depende do criador do animal.
"A forma como esse animal foi criado também tem sua parcela de culpa nesses casos. Essa raça tem o potencial de ser exatamente o que você ensinar a ser. Os pits já foram do céu ao inferno nas mãos dos homens. Uma hora era utilizado como "babá" de crianças (o cão do filme os batutinhas era um pit), como infelizmente também foi utilizado como instrumento de brigas entre os seus pares", avalia.
"Não se pode negar que pit bull tem uma agressividade natural, porém essa só será aflorada de acordo com a criação. O que faltou no caso de Pernambuco foi uma socialização correta por parte dos seus donos", afirmou.
FAMÍLA PIT BULL MACEIÓ
E os criadores e simpatizantes da raça tem um espaço próprio no Facebook. O grupo "Família Pit Bull Maceió" é um espaço público na internet onde donos trocam experiências, dicas e muitas imagens, em vídeos e fotos.
Para conhecer a fan page clique aqui. Hoje ela conta com 640 membros.
"É um espaço criado para os donos trocarem informações e experiências", diz Rafael Sérgio, que participa da página.
CONFIRA ABAIXO UMA GALERIA DE IMAGENS COM MAIS FOTOS:
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