PF diz que navio grego pode ter derramado óleo encontrado no litoral do Nordeste

Publicado em 01/11/2019, às 09h46
Folhapress -

Assessoria PF

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (01), a Operação Mácula, para apurar a origem e autoria do vazamento de óleo que atingiu mais de 250 praias nordestinas brasileiras, nos meses de agosto, setembro e outubro de 2019. São cumpridos dois mandados de busca e apreensão na cidade do Rio de Janeiro, expedidos pela 14ª Vara Federal Criminal de Natal/RN, em sedes de representantes e contatos de uma empresa grega no Brasil.

LEIA TAMBÉM

Leia também: Marinha detalha como investigação chegou a navio grego como suspeito de derramamento de óleo

A empresa é responsável pelo navio que pode ter derramado todo o óleo que vem sendo encontrado em praias do litoral do Nordeste. A embarcação, segundo a PF, foi a única que navegou pela área suspeita, no período em que teria havido o derramamento, entre 28 e 29 de julho.

Foto: Reprodução/Barcos no Rio Sado

A embarcação investigada na Operação Mácula, é o NM Bouboulina, um navio petroleiro de bandeira grega, de propriedade da Delta Tankers LTD, cujo agente marítimo em 2019, foi a empresa Lachmann Agência Marítima, ambas com endereço no Rio de Janeiro/RJ.

O TNH1 apurou que o navio já havia sido notificado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, no dia 29 de abril deste ano. De acordo com a notificação, o Bouboulina apresentava problema no equipamento de filtragem de óleo que garante que a mistura oleosa descartada no mar esteja abaixo de 15 ppm (parte por milhão), limite previsto nas regras de prevenção de poluição por óleo. 

A embarcação foi construída em 2006. Ele tem 274 metros e comprimento e uma capacidade de carga de mais de 163 mil toneladas.

Como a PF chegou ao navio?

As investigações tiveram início em meados de setembro deste ano e ocorreram em ação integrada com a Marinha do Brasil, o Ministério Público Federal, o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), Agência Nacional do Petróleo, a Universidade Federal da Bahia, Universidade de Brasília e Universidade Estadual do Ceará, bem como contaram com o apoio espontâneo de empresa privada do ramo de geointeligência.

Neste contexto, a Polícia Federal obteve a localização da mancha inicial de petróleo cru em águas internacionais, a aproximadamente 700 km da costa brasileira, em sentido leste, com extensão ainda não calculada.

A partir da localização da mancha inicial, cujo derramamento suspeita-se ter ocorrido entre os dias 28 e 29 de julho, foi possível identificar o único navio petroleiro que navegou pela área suspeita, por meio do uso de técnicas de geointeligência e cálculos oceanográficos regressivos.

A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento.

Paralelamente às diligências acima, a Polícia Federal realiza exames periciais no material oleoso recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras.

O navio grego está vinculado, inicialmente, à empresa de mesma nacionalidade, porém ainda não há dados sobre a propriedade do petróleo transportado pelo navio identificado, o que impõe a continuidade das investigações.

Diligências em outros países foram solicitadas através de mecanismos de cooperação internacional, pelo canal Interpol, a fim de serem obtidos dados adicionais sobre a embarcação, tripulação e empresa responsável.

A investigação criminal visa impor aos responsáveis, inclusive pessoas jurídicas, as penas do crime de poluição previsto no artigo 54 da lei ambiental, bem como o crime do artigo 68 da mesma lei, decorrente do fato de não ter havido comunicação às autoridades acerca do incidente.

A operação foi denominada Mácula pois a palavra significa sujeira e impureza. Mais de mil toneladas de material poluente foram retiradas das praias brasileiras.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Ódio que padrasto nutria por enteados motivou envenenamento, diz polícia Casal incendeia casa de vizinhos após briga por causa de gato; mulher morreu Padrasto é preso suspeito de envenenamento que matou quatro familiares no PI Sete pessoas morrem e 15 ficam feridas após ônibus tombar no Piauí