"Pensei que ia morrer", diz torcedor do CRB que teve carro depredado por integrantes de organizada

Publicado em 23/01/2023, às 11h30
Reprodução -

João Victor Souza

Francisco dos Santos, ou "Seu Francisco", como é conhecido, é um trabalhador que consegue o sustento da família através do transporte de lotação. Ele estava a serviço nesse domingo quando foi vítima de vândalos na Avenida Gustavo Paiva, em Mangabeiras, e teve o carro, uma Parati, destruído em meio à violência protagonizada por integrantes de uma torcida organizada do CSA. O motorista do veículo depredado deu detalhes ao TNH1 dos momentos de pânico que viveu, preso dentro do automóvel enquanto o veículo era alvo de pauladas e pedradas.

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Aos 59 anos, o morador de Sauaçuí, no Litoral Norte de Maceió, disse que encarava mais um dia de trabalho, com clientes que iam para o Estádio Rei Pelé, para acompanhar o jogo entre CRB e Sergipe, pela Copa do Nordeste, mas teve a viagem interrompida depois de a avenida ter sido "invadida" pelos criminosos armados com paus, pedras e bombas. Assim como os passageiros, Seu Francisco também tem o futebol e o CRB como paixão, e por vestir a camisa do clube, foi hostilizado e agredido. 

"Eu estava levando clientes para o Rei Pelé, para o jogo do CRB, e na ida, a gente foi surpreendido por eles. Aí foi um quebra-quebra, eu pensei que ia morrer, já estava me sentindo morto. Eu baixava minha cabeça, colocava o braço para proteger, mas foi difícil. Eles com pau, com pedra, quebrando o vidro, amassando meu carro todo", lamentou. 

"Ainda estou pagando meu carro, e destruíram tudo. Está tudo quebrado, não tenho como usar ele dessa forma. Ainda não tenho como saber o valor do prejuízo, ainda vou na oficina. Mas estou impedido de trabalhar, de dar assistência para a minha família. Eu tenho um filho especial, é preciso levar ele para o médico, eu sempre dou esse apoio, e o carro era o meu apoio, minha família depende dele", continuou. Veja o vídeo enviado ao TNH1 com o relato emocionado do Seu Francisco: 

Seu Francisco afirmou ainda que uma bomba foi arremessada para dentro do carro. Um dos clientes conseguiu pegá-la a tempo e jogá-la para fora do automóvel. "Jogaram uma bomba, aí o menino que estava dentro conseguiu pegar e jogar fora antes que explodisse. Uma bomba daquelas de ximbra, poderia ter explodido dentro do meu carro com a gente dentro. Ia matar a gente queimado", relatou.

Após sobreviver ao ataque, seu Francisco confirmou que procurou a polícia para registrar o Boletim de Ocorrência e espera a punição dos envolvidos. "Depois o menino pegou o estepe, porque meu pneu furou, e não consegui mais ir até o estádio. Fui à Central de Flagrantes e fiz o Boletim de Ocorrência. Eu espero justiça agora. Para torcer, eu desanimei demais... Futebol é para se divertir, mas eles fazem isso", destacou.

Vaquinha para doação - A família do Seu Francisco já se mobilizou nas redes sociais e divulgou uma vaquinha para ajudar a custear o prejuízo causado ao automóvel. Em uma das imagens divulgadas, a filha do motorista disponibilizou uma chave para transferência bancária via Pix. Veja abaixo:

Ministério Público quer identificar e punir vândalos -  O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) informou, na manhã desta segunda-feira, 23, que já solicitou um relatório das forças de segurança para a identificação dos integrantes das torcidas organizadas que participaram de atos de violência. O órgão destacou que os envolvidos, assim que conhecidos, serão devidamente penalizados.

Em nota, o MPAL destacou que manteve contato com o Comando de Policiamento da Capital, responsável pela segurança, para dar início ao cumprimento de medidas necessárias para coibir a violência. O Ministério Público também comunicou que repudia os atos que causam insegurança à população. Veja a nota na íntegra abaixo:

"O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), por meio das 37ª e 41ª Promotorias de Justiça do Torcedor, tendo como titulares os promotores de JustiçaSandra Malta Prata Lima e Bruno Baptista, respectivamente, esclarece que, tomando conhecimento de possíveis confrontos entre torcidas organizadas manteve contato com o Comando de Policiamento da Capital (CPC) solicitando relatório e as devidas identificações das torcidas, bem como dos torcedores envolvidos, para que sejam adotadas as medidas cabíveis. Outrossim, o Ministério Público reafirma que repudia veementemente tais atos violentos, causadores de pânico e insegurança à sociedade, paralelamente informa que não serão medidos esforços para que os responsáveis sejam exemplarmente punidos" .

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