Gilson Monteiro
Momentos difíceis para a humanidade sempre alimentaram a literatura. Foi assim com as guerras, por exemplo. Por isso, toda obra que traga reflexões sobre a pandemia do novo coronavírus é bem vinda. É o caso da pequena grande joia “Pensamentos da pandemia”, que o jornalista e publicitário Hermann Fernandes lança dia 10 de março.
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Com uma prosa poética inspirada, Hermann tirou da clausura da quarentena ensinamentos, insights e reflexões que conseguiu condensar em saborosas 46 páginas numa edição de bolso caprichada, onde cada texto vem acompanhado de ilustração de Bruno Clériston, que ora enfatiza, ora fala por si só.
Consciente do cansaço que abate a todos, as “memórias do cárcere” de Hermann não vieram para chatear com linhas enfadonhas. São pílulas, pensamentos, leitura que se lê de uma sentada só, e se guarda para consulta quando o corpo pedir um pouco mais de alma.
A prosa de nosso “Pensador de máscara” tem o aroma de um Carpinejar. Questiona a nós e a si mesmo sobre dores atemporais e universais como a saudade, o amor, a paixão, “O ser humano é metade alma, metade nada”, mas, para um homem atual como a publicidade lhe cobra ser, Hermann traz também reflexões pra lá de contemporâneas, nos fazendo rir, mesmo que de nervoso: “É assustador como as senhas das redes sociais desbloqueiam tantos monstros interiores” ou “Num mundo tão raso, prova de amor e amizade é ouvir o áudio do zap na velocidade normal” . Quem não se identificou que vire para a próxima página.
Para não ficar apenas em águas mansas, o autor também cutuca temas mais indigestos, com sutileza de quem tem ciência que "para bom entendedor, meia página basta": “A certeza é a irmã caçula da ignorância” e “ter amizade e respeito pelos iguais é cômodo. A grandeza está nas diferenças”. Mas como bem diz Gerson Fonseca, que assina o prefácio, é um livro para ser degustado em desordem às paginas, e em sincronia com suas emoções.
Em tempos de almas ansiosas e ociosas, “Pensamentos da pandemia” equivale a um abraço, um afago na alma, para que não perdamos a chama da esperança de que tudo isso nos faça pessoas melhores.
Hermann: pílulas inspiradas para pensar a pandemia
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