Lis Nunes
Um pouco do meu relato de parto, essa viagem mais emocionante da minha vida, para relembrar com amor e celebrar a vida da criança que deu brilho aos nossos dias.
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“Era 1h18 da manhã do dia 19.11.19. Eu dormia. Senti um quentinho nas minhas pernas. Acordei chamando Klaus: amor, levanta, minha bolsa estourou. Ele, mantendo a calma, disse: não, isso né bolsa não, tá muito pouco. Eu, já sabendo (afinal a gente sabe a hora, sim!), disse: “Meu amigo, né novela não! A bolsa estourou sim. Precisa sair um rio, é?”. Ele, ainda mantendo a calma, liga para nossa Doula Fernanda, que, do outro lado também o tranquiliza: “É, pode não ser a hora ainda. Vamos monitorar as contrações”.
Ele abriu o aplicativo e começou a controlar. Uma contração atrás da outra. Nanda liga e pede para ligarmos para Dr Telmo que, prontamente, diz: “Vamos agora para a Unimed, preciso avaliar a Lis”. Eu falo: “Posso pelo menos tomar um banho?”. Sim! Toma banho e vai, disse ele.
Assim fizemos! Saímos madrugada a dentro, com as malas no carro, e eu sentindo fortes contrações. No coração eu já sabia: OTTO IA CHEGAR!! Ao chegarmos no hospital, por volta das 2h30, Dr Telmo fez o primeiro toque: 5 cm de dilatação. Vamos lá! Sigam para o quarto de PPP. É chegada a hora! Ai me entreguei! Cada contração era o sinal da vitória, a minha vitória, a vitória da vinda do meu Peixinho.
Ali, naquele quarto, eu já não via mais nada. Só ouvia o meu corpo. Preparei uma playlist com mais de 200 músicas para parir, e não lembrava nem dela. Passei todo trabalho de parto ouvindo só o meu coração e algumas vozes suaves dentro do quarto. Ali estavam os meus portos seguros. Naquele momento, havia chegado também a minha Damiana, ela sabia o quanto precisava daquela energia naquele momento.
As dores aumentavam. As contrações eram constantes. Eu parava por várias vezes para fazer cocô. Sim! Essa sou eu! A Lis “cagona”, kkk. Fiz umas 6 vezes. Tomava banho, chamava pela Nanda, e voltava para sentir mais os sinais da chegada. Estava perto!
Por volta das 4h30, assim acho, Dr Telmo fez mais um toque. Agora já estava com 9 cm. E ele disse: está perto Lis, agora ele vai nascer. E se preparou! Eu ainda na banheira, ali era onde me sentia mais confortável. O barulho da água caindo nas minhas costas, parecia que era a minha conexão com o meu peixinho. Mas aquele não era o local mais seguro para ele chegar. Num determinado momento ouvia vozes que falavam: aqui não está bom, melhor ela sair, vamos levantar. Mas eu não reagia.
Foi aí que vivi um momento mágico! De repente, senti muito forte o amor e a presença da minha mãe. E, olhando fixamente pra cima, falei por dentro: Mãe, me ajuda! De repente, ouço mais uma voz suave dizendo: Lis, vamos sair dessa banheira. Eu, prontamente me levantei, peguei nas mãos de alguma delas (não consigo lembrar), e me posicionaram exatamente no local que eu e Klaus idealizamos que seria o meu parto, na banqueta.
Mais uma vez, meu marido fortaleza, alicerce, se posicionou atrás de mim, agarrou seus braços nos meus, e me deu o colo que precisava para eu virar loba. A Lis mãe, leoa, bicho. Me desprendi de tudo e de todos! Gritei! Gemi! Senti! Chorei! Nua! Totalmente livre! Totalmente entregue! Chamava por ele: vem Otto, vem filho! Ouvia Damy falar: vai Lis, chama por ele! Gritei! Gemi! Pari!!! Às 5h27 do dia 19.11.19 ele chegou! Meu Otto chegou!! MEU FILHO NASCEU!
Que momento glorioso! Ouvia seu choro! Foi logo colocado em meus braços. Braços entrelaçados com os de Klaus. Otto veio para meus braços e logo se agarrou ao meu escapulário que uso no pescoço. Foi um presente da minha mãe. Era dela. Ela me deu nos últimos dias de vida. E, ao ver aquela cena do meu filho agarrado nesse escapulário, tive a certeza de que, mainha estava ali conosco o tempo todo. Era a resposta sendo dada com aquele gesto.
Agora nasceu a nossa família! E assim, juntos e entrelaçados como recebemos Otto é que vamos seguir! “
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