Pandemia abate mercado editorial, mas livrarias virtuais crescem 84%

Publicado em 25/05/2021, às 23h52
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Folhapress

O mercado editorial teve uma queda de 13% no seu faturamento total em 2020 na comparação com o ano anterior, mostra a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro que acaba de ser divulgada.

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O número leva em conta as vendas para o mercado e para o governo, em valores ajustados pela inflação. Quando se olha apenas para as vendas ao mercado, a queda foi de 10%.

Os dados da tradicional pesquisa -realizada pela Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros- consolidam o forte impacto que a pandemia do coronavírus teve sobre um setor que estava até então em recuperação após sucessivas crises de redes como Saraiva e Cultura.

O levantamento também mostra que a participação das livrarias virtuais cresceu 84% no faturamento das editoras no ano da pandemia, enquanto as lojas físicas tiveram uma queda de 32%.

Se a receita das vendas por comércio online era de R$ 502 milhões em 2019, ele saltou para R$ 923 milhões no ano passado, quando as livrarias tiveram que fechar por causa da quarentena.

"O varejo online se preparou e capturou boa parte do mercado, não só o do livro", diz Marcos Pereira, presidente do sindicato. "Essa concentração leva a negociações mais difíceis, mas tenho observado um investimento grande também na abertura de novas lojas. Todas as vezes que o comércio consegue abrir, há um crescimento nas vendas das livrarias. O online vai capturar parte grande do mercado, mas nossa preocupação é criar um ecossistema saudável, em que a livraria física também seja valorizada."

"Isso é algo que veio para ficar, e as livrarias vão aprender também a lidar com as vendas virtuais", aponta Vitor Tavares, da Câmara Brasileira do Livro.

O faturamento total no ano foi de R$ 5,2 bilhões, com 354 milhões de exemplares vendidos -uma redução de 18% em relação ao ano anterior.

A venda de livros didáticos teve uma redução de 15%. O setor com melhor desempenho foi o de obras gerais -livros de ficção, não ficção e autoajuda-, com alta de 3,8% em vendas ao mercado.

Em contraste com os didáticos, comenta Mariana Bueno, pesquisadora da Nielsen, esse são os "livros que a gente compra porque quer, porque gosta de ler". "Temos que olhar para esses indicadores que são de fato positivos."

Entre os recortes, o setor com pior resultado foi o de religiosos, com recuo de 18% nas vendas, muito afetado pela redução da abordagem porta a porta.

A queda no número de lançamentos também foi significativa, com 17,4% menos novidades que no ano anterior, apesar de todos os números de produção de livros terem decaído -a tiragem de livros impressos, como um todo, teve um recuo de 20%.

O resultado tem um ruído com o balanço da pesquisa Painel do Varejo de Livros, que monitora a receita pelo lado dos canais de comércio e retrata uma situação mais favorável para o setor. Bueno, da Nielsen, aponta que "são pesquisas que conversam, mas não batem diretamente, porque uma olha o varejo e outra olha a indústria".

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