Redação
Discutido pela 18ª vez, em audiência pública na cidade de Maceió, o Plano Municipal de Educação (PME) é novamente tema de debate – e embate – na Câmara de Vereadores, no Centro, nesta sexta (4).
Representantes das igrejas Católica e Evangélica, grupos de pais e mães, integrantes de movimentos LGBT, vereadores e representantes da Secretaria Municipal de Educação lotam o plenário da Câmara, a maioria levada pela discussão acerca de um único capítulo do documento, que trata de inclusão e diversidade, tema batizado de "ideologia de gênero".
Em meio a gritos de guerra e orações e entre faixas e cartazes em defesa ou em repúdio ao uso do termo identidade de gênero no plano, a secretária municipal de Educação, Ana Dayse Dórea, chamou atenção para a realidade já existente no país. “Como um o país que aprova o casamento entre pessoas do mesmo sexo vai tratar essas pessoas sem preconceito?”, questionou.
Gritos de guerra fizeram parte do debate sobre o Plano de Educação na Câmara; assista:
A secretária reafirmou que o PME trata da garantia de acesso das minorias à educação e aborda o respeito à questão de diversidade de gênero. “Essa questão do gênero, que existe, as escolas precisam, sim, tratar e respeitar. Como garantir que negros, índios, pobres tenham acesso às escolas. É isso de que o plano trata”, reforçou.
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O argumento, porém, ainda não convenceu muita gente sobre a proposta real do Plano. Para o padre Luciano Duarte, representante da Igreja Católica na audiência, o sentido do termo gênero no PME precisa estar “bem amarrado” para não dar brechas a aberrações.
“Nos Estados Unidos, por exemplo, existe um movimento que parte da compreensão desse gênero ideológico, e defende a pedofilia, chama de relações entre gerações. A liberdade das pessoas seria uma identidade e não mais um crime. Não podemos combater usando a palavra gênero, mas o que ela significa. Se vamos usá-la, temos que dizer claramente o que é gênero.”, afirma.
“Quando nos colocamos contra a chamada ideologia de gênero, parece que somos contrários que a escola queira promover o combate à discriminação. Pelo contrário, somos favoráveis ao combate à discriminação, porque é um mal”, completou.
Sem apologia ao sexo
O presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia, também presente na Câmara, defendeu o Plano de Educação, que para ele não faz apologia à sexualidade.
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O representante do movimento LGBT também ressaltou a presença de outras discussões no PME, como o piso salarial dos profissionais da educação, a valorização dos professores, o papel social da mulher, a inclusão da população LGBT na escola, a redução da evasão, entre outras questões.
“Vale ressaltar que ele não faz apologia à sexualidade. As propostas do plano visam, sim, reduzir a questão do aborto, evitar que jovens tenham vida sexual ativa muito cedo. São políticas efetivas e continuadas para acabar com essas problemáticas”, diz.
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