CNN Brasil
A farmacêutica Novo Nordisk informou, em comunicado divulgado na terça-feira (22), que foram identificados casos de falsificação de Ozempic na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A Polícia Civil está investigando a suposta venda do medicamento falso após uma mulher, que realiza o tratamento com o remédio, ter sido hospitalizada em estado grave no hospital Copa D’Or, em Copacabana, na última quinta-feira (17).
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O Ozempic é um medicamento injetável indicado para o tratamento de diabetes tipo 2 que ganhou popularidade também devido aos seus efeitos na perda de peso.
Segundo comunicado da Novo Nordisk, que possui a patente (propriedade exclusiva) do remédio, há indícios de que canetas de insulina Fiasp FlexTouch foram readesivadas com rótulos de Ozempic do lote NP5K174 possivelmente retirados indevidamente de canetas originais do medicamento. Há relatos também de casos isolados em Brasília (DF), Anápolis (GO), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Paty do Alferes (RJ), segundo a farmacêutica.
“Em casos de falsificação de Ozempic, os eventos adversos podem variar conforme a substância que foi utilizada no lugar do medicamento original”, explica Mariana Arruda, endocrinologista e diretoria médica da Novo Nordisk, à CNN.
“Em algumas situações, há suspeitas de que Ozempic tenha sido substituído por insulina que, dependendo da dose administrada e das condições do paciente (se tem diabetes ou não), pode causar hipoglicemia, que é a redução dos níveis de glicose no sangue”, afirma.
Os sintomas de hipoglicemia podem variar de uma pessoa para outra, mas, geralmente, incluem:
Em casos graves, a hipoglicemia pode levar a sintomas mais severos, como perda de consciência, confusão mental, convulsões e até coma, de acordo com Arruda.
“É fundamental lembrar que a insulina é um medicamento seguro quando utilizado sob prescrição e acompanhamento médico. Muitos pacientes no Brasil precisam de insulina diariamente devido ao diabetes. Contudo, em casos de Ozempic falsificado, o paciente pode estar administrando altas doses de insulina sem saber, o que representa um sério risco à saúde”, ressalta.
Como identificar Ozempic falso?
A farmacêutica recomenda que qualquer pessoa que tenha adquirido um medicamento como Ozempic atente-se aos detalhes da caneta antes da aplicação.
A caneta de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza. Já canetas de insulina Fiasp são azuis escura, com botão laranja. Veja abaixo:
Foto: Novo Nordisk |
Vale destacar que o Wegovy, remédio novo e feito com semaglutida da mesma farmacêutica, mas com indicação para emagrecimento, possui embalagem branca!
Além disso, a Novo Nordisk orienta que é importante desconfiar de situações como:
Em nota, a farmacêutica avisa que já notificou a Anvisa sobre os casos, cumprindo os requisitos de farmacovigilância, e que “tem acompanhado atentamente todos os casos relatados em seus canais, na imprensa e em redes sociais, dentro de um plano de gerenciamento e minimização de riscos implementado pela companhia”.
Outros lotes falsificados identificados pela Anvisa
Consultada pela CNN, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificou três lotes recentes que foram falsificados. Veja abaixo:
Outros medicamentos para diabetes falsificados
Além do Ozempic, o Mounjaro, medicamento semelhante indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, também já foi alvo de falsificações. Em agosto deste ano, a farmacêutica Eli Lilly and Company fez um alerta sobre versões manipuladas e falsificadas do Mounjaro.
No documento, a empresa reitera que, apesar de ser aprovado no Brasil, o remédio ainda não está disponível para comércio no país.
Em carta aberta, a Lilly afirma estar “preocupada com a proliferação de produtos falsificados que se parecem com os medicamentos genuínos da Lilly”. Segundo a empresa, esses produtos falsos são frequentemente anunciados e vendidos de forma virtual por meio de mídias sociais.
“A Lilly não vende tirzepatida nas redes sociais. Qualquer medicamento da Lilly sendo vendido por anúncio nas mídias sociais é ilegal. Esses produtos podem ser falsos ou estão sendo ‘revendidos’ por indivíduos que os obtiveram por outros meios. Ambas as práticas podem colocar os pacientes em risco”, afirma a carta.
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