Ovelha negra, meia tigela e doméstica: veja expressões que talvez você não saiba que são racistas

Publicado em 29/03/2023, às 13h24
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TNH1 com agências

“A coisa tá preta”, “doméstica”, “ovelha negra”. Você usa alguma dessas expressões? Se a resposta for sim, saiba que são termos racistas. São palavras que se popularizaram e são faladas até os dias atuais, mas que tem raízes no racismo.

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O Tribunal Superior Eleitoral disponibiliza uma cartilha com diversas dessas expressões de cunho racista. São 108 páginas com um conteúdo cheio de orientações, que você baixa gratuitamente, AQUI.

Confira alguma dessas expressões e o motivo de terem fundamentos racistas:

Meia tigela”: Os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor e medíocre.

A coisa tá preta”:A fala racista se reflete na associação entre “preto” e uma situação desconfortável, desagradável, difícil, perigosa.

Mercado negro, magia negra, lista negra e ovelha negra”: Entre outras inúmeras expressões em que a palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal.


"Criado mudo": um caso à parte, polêmica questiona se a expressão é mesmo de cunho racista

O termo há algum tempo gera muitas polêmicas e dúvidas sobre o seu uso ou não na língua portuguesa atualmente. Recentemente, o assunto tomou as redes sociais depois que a cantora Marvilla, do BBB 23, criticou o colega Gabriel durante uma conversa.

Linguistas, pesquisadores e historiadores se dividem sobre a origem racista do termo usado para identificar o móvel de cabeceira que costuma ser posicionado nos quartos de milhões de brasileiros.

“Pela área da História e, dentro do contexto racial, não temos como afirmar categoricamente que criado-mudo seja uma palavra com motivação racial”, explica Thiago André, criador e apresentador do podcast História Preta.

O que circula pelas redes sociais –até então– é que “criado-mudo” seria uma referência a um escravizado que ficava em pé ao lado da cama do seu “dono” durante à noite sem poder falar. Mas é justamente a história por trás da história que divide opiniões.

“Essa história parece uma história que não reflete uma realidade. A língua metaforiza a condição negra na forma que nós olhamos coisas que não são valorizáveis, do ponto de vista politico”, explica Gabriel Nascimento, autor do livro “Racismo Linguistico: os subterrâneos da linguagem e do racismo”.

O mestre em história Guilherme Oliveira acredita no contexto racista do termo e diz que isso reflete as heranças do passado escravocrata do país.

“Reproduzir essa palavra na atualidade é uma expressão racista porque faz parte do processo que desumanizou pessoas negras. Hoje, se busca trazer novas perspectivas que ressignifiquem as expressões racistas que não perpetuem o comportamento da atualidade.”

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