Flávio Gomes de Barros
Rodolfo Borges, no portal "O Antagonista":
"O Antagonista acompanha, desde 27 de novembro, a viagem que o dólar faz em direção a regiões nunca antes visitadas do espaço sideral.
Quem deu as coordenadas da viagem foi a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), ao acusar o 'mercado' de mandar o dólar para a Lua, apesar de o chefe da missão habitar o Palácio da Alvorada.
Àquela altura, a moeda americana tinha batido apenas o primeiro de uma série de recordes de fechamento em alta, a 5,91 reais — que saudade!
Desde então, o dólar passou por Marte, Júpiter, Saturno, Urano Netuno, Plutão e, na quinta-feira, 19, já tinha deixado o Sistema Solar, quando atingiu a cotação máxima histórica de 6,30 reais.
Em meio a projeções de que a moeda americana poderia chegar a 7 reais, o Banco Central fez a maior intervenção no dólar desde 1999 e conseguiu fazê-lo recuar alguns anos-luz nos últimos dias da semana, para 6,09 reais.
Também ajudaram a conter a sangria da moeda brasileira os sinais dados por Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central, na amistosa troca de bastão com Roberto Campos Neto naquela mesma quinta-feira.
O indicado por Lula disse o mínimo que precisava ser dito para acalmar os investidores, que estão doidos para acreditar nas promessas de responsabilidade fiscal do governo Lula e fazer suas apostas com alguma tranquilidade, em um ambiente minimamente previsível.
As palavras de Galípolo tiveram mais força para conter o dólar do que o pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerado insuficiente desde a proposta, e ainda desidratado no Congresso Nacional.
Para fechar a semana, Lula participou de um teatrinho sentado entre Galípolo e Haddad para ler uma mensagem que contraria o que ele tinha dito havia menos de uma semana, quando afirmou que “a única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%“.
É para não cair nesse tipo de jogo de cena que não se pode perder de vista quem pilota o foguete do dólar sem destino certo pelo espaço sideral.
Os petistas, que passaram o governo passado apontando o dedo para Jair Bolsonaro e PaulomGuedes sempre que a cotação da moeda americana subia, tentaram atribuir a culpa até a fake news, para eximir Lula de culpa.
Galípolo, cuja reputação como presidente do Banco Central estará em jogo nas próximas semanas, desmentiu tudo, dizendo que o mercado não deve ser tratado como um 'bloco monolítico' e que não há um ataque especulativo contra o real.
Desde então, os governistas fingem que não é com eles. Mas é Lula que segue no comando do foguete do dólar, e é apenas ele também que pode, pelo menos nos próximos meses, trazer a moeda americana para o patamar do qual ela só saiu pela sua própria irresponsabilidade.
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