Opinião: "Expirou a data de validade do governo Lula"

Publicado em 23/01/2025, às 18h00

Flávio Gomes de Barros

Jornalista Rodolfo Borges:

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"Não durou nem 12 horas a ideia do governo Lula de mudar a política de validade de parte dos alimentos vendidos no Brasil.

A história surgiu por volta das 8h de quarta-feira, 22, durante entrevista do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa , em programa da TV Brasil, e foi descartada publicamente pelo próprio ministro às 18h.

 

“Vamos fazer algumas reuniões para buscar um conjunto de intervenções para o barateamento dos alimentos. No final ano passado, o presidente fez uma reunião com a rede de supermercados com a mesma pauta. A rede sugeriu algumas medidas e vamos implementá-las agora no primeiro bimestre”, disse Costa na entrevista pela manhã.

Os comentários levaram a especulações sobre a proposta da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de adotar o sistema americano, que não impõe uma data de validade, mas sugere que é melhor consumir o produto até determinada data — o chamado 'best before'.

Essa proposta já tinha sido apresentada em 2021, e foi defendida pelos então ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Agricultura, a hoje senadora x (PP-MS), mas muito criticada por Gleisi Hoffmann (RS), atual presidente do PT, que disse à época:

'Não é de hoje o desprezo de Guedes com os pobres. Mas a perversidade não tem limites e ele defende dar resto de comida pra quem tem fome. Pra completar o terror, Tereza Cristina, da Agricultura, fala em alimentos vencidos. Não basta o vírus e a fome, esse governo é higienista!'

Na noite de quarta, após críticas nas redes sociais — o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), pesadelo o governo Lula no caso do monitoramento do Pix, disse, por exemplo, que 'a picanha não veio, e se vier, será podre', o Costa deu outra entrevista e foi ao seu perfil no Xse explicar:

'Reafirmo: não haverá intervenções do governo, mas a adoção de medidas para baratear os alimentos que estão na mesa do povo brasileiro'.

“'inda analisaremos um amplo conjunto de propostas, mas existem sugestões que não fazem parte da cultura do Brasil e não vejo possibilidade de serem adotadas, incluindo a venda de alimentos não-perecíveis com data de validade ultrapassada a preços menores”', acrescentou Costa.

Ele finalizou dizendo o seguinte: 'Sob a orientação do presidente Lula e ouvindo a sociedade, nos próximos dias, já teremos reuniões para afunilar propostas e proceder para a adoção das primeiras medidas, sempre no sentido de baratear custos que envolvam a produção de alimentos'.

Assim como ocorreu no caso do monitoramento do Pix, a mudança na forma de classificar a instrução sobre o momento apropriado para ingerir os alimentos não é — ou não deveria ser —um tema tão dramático.

O problema, mais uma vez, é o governo Lula, que busca subterfúgios para baratear os preços dos alimentos depois de colaborar para o estouro do teto da meta de inflação em 2024, com gastos irresponsáveis desde o início da gestão, em 2023.

Sem se dispor a admitir a parcela de culpa do próprio governo, Rui Costa chegou a dizer na entrevista à TV Brasil que 'se o consumidor não procurar muito, não pechinchar muito, isso tende a puxar uma elevação de preço'. Quer dizer, a culpa é até do próprio consumidor, mas nunca de Lula.

É por tentativas de maquiar da realidade como essa que a validade do governo expirou dois anos depois de seu início. Tudo cheira mal. E isso fica mais claro a cada medida adotada, apresentada ou, como nesse caso, apenas cogitada."

 
 
 
 
 
 
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