Redação
À medida que a jogatina incentivada pelas casas de apostas se expande aumenta a polêmica a respeito desse tipo de atividade.
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O apelo pelas bets é tão expressivo que até o presidente Lula tem demonstrado preocupação, a partir de quando tomou conhecimento que beneficiários do programa Bolsa Família fazem parte de considerável contingente de apostadores.
O assunto é abordado pelo jornalista Leonardo Sakamoto:
“É uma brincadeira de mau gosto que anúncios de bets, multicoloridos, trazendo sorridentes influenciadores, prometendo mundos e fundos, sejam encerrados com o alerta ‘jogue com responsabilidade’. Qualquer tigrinho com problemas de cognição sabe que as casas de apostas lucram exatamente com o comportamento compulsivo promovido por elas mesmas. É tipo um traficante na ‘cracolândia’ vender uma pedra e alertar: fume com moderação.
O Congresso Nacional, como alertamos repetidas vezes, não deveria ter aprovado o funcionamento desse tipo de empresa sem a previsão de cobrança de impostos do tamanho do buraco na saúde pública e nas famílias que isso. E sem a proibição de anúncios e patrocínios que bombem o nome das bets. Ações tomadas agora não vão corrigir o estrago causado, mas podem mitigá-lo.
Há projetos apresentados para proibir a propaganda desses caça-níqueis digitais na TV, no rádio, nas redes sociais, nos portais e sites, como os da deputada Gleisi Hoffmann e do senador Randolfe Rodrigues. Se o vício em crack, que faz tão mal quanto, como escrevi aqui ontem, não pode ser incentivado no intervalo da novela, o das apostas também não.
Mas os legisladores também precisam proibir o patrocínio de bets a times de futebol. Hoje, a maioria da série A do Campeonato Brasileiro ostenta uma variedade de nomes de casas de aposta no peito de dos jogadores, vistos como exemplos e heróis por muita gente.
‘Ah, mas isso vai cortar recursos e inviabilizar o esporte!’, defendem alguns. Bem, amo o futebol, mas se ele se tornou algo que só vai funcionar se ajudar a promover a pilhagem de trabalhadores, então o futebol é que é inviável.
Ninguém aqui está falando em proibir a operação das casas de apostas até porque o gênio já saiu da garrafa, a pasta deixou o tubo, e qualquer outra analogia que represente a irreversibilidade do fato consumado. Mas é possível reduzir o tamanho do estrago se a preocupação com a saúde pública falar mais alto que o lobby da jogatina.
Há duas décadas, não convivemos mais com anúncios de tabaco na TV, apesar de cigarro ser vendido normalmente. Tampouco, Marlboro estampa camisas de times de futebol. E ninguém morreu por isso. Pelo contrário.”
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