ONU cobra ação do Brasil para frear emissão de gases de efeito estufa

Publicado em 28/10/2022, às 22h30
Foto: Reprodução/Amazônia Extrema -

Correio Braziliense

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou, ontem, o relatório Lacuna de Emissões 2022, que avalia anualmente os esforços dos países para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O documento destaca que a previsão de aquecimento da temperatura do planeta quase dobrou e que os países fracassaram em cumprir metas de redução de carbono.

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O levantamento foi anunciado pela ONU duas semanas antes da abertura da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — COP 27, que ocorrerá em Sharm el-Sheikh, no Egito. O relatório traz um resumo dos últimos compromissos dos países signatários do Acordo de Paris. O pacto firmado entre 195 países busca limitar, até o final do século, o aumento médio da temperatura global em menos de 2°C em relação ao período pré-industrial. Mantidas as políticas climáticas atualmente em curso, a temperatura deve subir 2.8ºC (na comparação com a média pré-industrial).

Para a ONU, o Brasil seguiu na direção oposta: diminuiu, em 2020, a ambição de reduzir emissões de gases de efeito estufa. O país é considerado um ator importante na batalha para evitar a catástrofe climática, diante do peso do desmatamento da Amazônia na alta de emissões. Especialistas apontam que manter a floresta em pé é uma das medidas mais viáveis para conter rapidamente as mudanças climáticas sem a necessidade de investimentos gigantescos ou perdas de Produto Interno Bruto (PIB). Isso porque as atividades que levam à destruição da floresta, como o garimpo ilegal ou a venda irregular de madeira, são pouco relevantes para a balança comercial brasileira.

Nos últimos anos, porém, o bioma tem visto uma escalada das taxas de devastação e dos incêndios, o que fez o governo Jair Bolsonaro ser alvo de cobrança interna e no exterior. Representantes do mercado estrangeiro também ameaçam impor sanções aos produtos do agronegócio brasileiro ou exigir certificados de origem limpa como forma de pressionar pela queda no desmate.

O relatório do Pnuma exemplifica e detalha o tamanho do problema e sugere saídas para evitar a catástrofe climática. Um dos pontos críticos é a defasagem entre o que os países se comprometeram a fazer e o que estão fazendo de fato. Desde a Cúpula do Clima (COP-26), em Glasgow (Escócia), no ano passado, os compromissos voluntários assumidos pelas nações para cortar emissões foram responsáveis pela remoção de apenas meia gigatonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2e) da atmosfera, menos de 1% das emissões que devem ser lançadas em 2030, data limite para que países como o Brasil e os Estados Unidos cortem pela metade suas emissões. A União Europeia tem meta de diminuir 55%.

Conforme o Pnuma, a maior parte dos países do G-20 começou recentemente a implementar seus planos de reduções. Coletivamente, é esperado que a meta não seja atingida sem uma mudança expressiva de rumo. Para a agência, a crise climática exige uma rápida transformação das sociedades nos setores de fornecimento de eletricidade, da indústria, do transporte, de construção, alimentos e finanças. O organismo salienta que a única maneira de limitar os piores impactos da crise climática é uma "rápida transformação da sociedade".

"A tendência de queda nas emissões esperada para 2030 mostra que as nações fizeram algum progresso neste ano", disse Simon Stiell, secretário-executivo da agência da ONU para Mudanças Climáticas. Na COP-26, os Estados-Membros concordaram em elevar a metas. No entanto, a agência estima que mesmo que as atuais ações fossem cumpridas integralmente até 2030, ainda resultariam em um aumento no aquecimento global de 2,5°C. Cientistas alertam que o aumento de 1°C já tem causado grandes desastres climáticos, como queimadas, inundações e tempestades.

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