Revista Crescer
Na medicina, “prolapso” é uma palavra usada para fazer referência a órgãos que saem de sua posição normal, deslizando para outro ponto. A expressão “prolapso do cordão umbilical” significa, portanto, que a estrutura que liga o bebê à placenta – por onde são transportados nutrientes e sangue rico em oxigênio – se deslocou, podendo acarretar consequências sérias para o feto se a intervenção médica não for imediata.
“O prolapso de cordão é uma emergência obstétrica em que o cordão umbilical desliza para fora do útero, passando pelo colo do útero, ou fica numa posição abaixo da apresentação fetal, sendo comprimido pelo bebê”, explica a ginecologista e obstetra Monique Novacek, da Clínica Mantelli, em São Paulo (SP). O grande problema é que essa compressão feita pelo corpo do feto compromete seu fluxo de oxigênio, que corre o risco de ser totalmente interrompido.
Vale destacar, ainda, que “prolapso do cordão” é o termo utilizado quando há rotura das membranas. Enquanto elas ainda estão intactas, a expressão é outra, como acrescenta o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli. “Quando não há ruptura da bolsa, nós chamamos de ‘procidência de cordão’, em que o cordão está à frente da apresentação do bebê na pelve da mãe, mas a bolsa está íntegra, então ainda não há riscos. Mas havendo uma procidência, se a bolsa romper, vira um prolapso, e aí sim é um problema”, explica.
Sintomas e diagnóstico do prolapso de cordão
É comum que, para a mulher, não haja qualquer sintoma – a não ser que o cordão já tenha descido para a vagina; nesse caso, mais raro, ela pode só sentir algum incômodo local. Já para o bebê, são os batimentos desacelerados que indicam o problema. O diagnóstico, portanto, é clínico. “Ao examinar a mulher, quando se faz o exame de toque para avaliar se a bolsa rompeu e como está a dilatação, é possível sentir esse cordão na vagina [em caso de prolapso evidente]”, relata Monique.
“O parto vaginal é possível só se o bebê já estiver nascendo, se der para reposicionar um pouquinho o cordão e se houver certeza de que ele nascerá bem. Mas, em geral, é por cesárea porque é a via mais rápida”, acrescenta Monique.
Fatores de risco e prevenção
Entre os fatores de risco, ou seja, condições que aumentam a possibilidade de que o prolapso de cordão aconteça, estão gravidez gemelar, gestações múltiplas, excesso de líquido amniótico (polidrâmnio), bebê em posição pélvica ou transversa, prematuridade e rotura prematura das membranas.
Sobre esse último ponto, imagine que, idealmente, a bolsa só se rompe na fase final da dilatação, quando a cabeça do bebê já está bem encaixada na pelve – é isso que impede que o cordão prolapse. Se essa bolsa sofre uma ruptura prematura, seja espontânea ou provocada pelos profissionais de saúde em um parto induzido, é possível que o líquido amniótico desça por esse espaço carregando parte do cordão, levando ao prolapso.
A prevenção, portanto, está ligada ao acompanhamento médico e à atenção da equipe no manejo de situações de risco, mas não pode ser prevista. “Envolve evitar a rotura artificial das bolsas, caso o bebê não esteja encaixado (isso cabe ao médico avaliar), monitorizar de perto partos de alto risco (gestações gemelares, múltiplas e prematuras) e situações de polidrâmnio, além de garantir que o bebê esteja sempre bem encaixado antes que se faça qualquer intervenção”, pontua Monique.
Por fim, é interessante destacar que, embora não haja dados específicos sobre o prolapso de cordão no Brasil, a literatura médica internacional descreve a incidência entre 0,1% e 0,6% dos partos, apontando para uma redução da mortalidade perinatal ao longo dos anos decorrente dos avanços nos cuidados médicos, diagnóstico rápido e redução do número de gestações por mulher.
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