O Natal que ainda nos resta

Publicado em 24/12/2024, às 11h00

Flávio Gomes de Barros

Sou dos tempos de Pedro Teixeira, Ranílson França, Théo Brandão e José Maria Tenório da Rocha, folcloristas que faziam da cultura popular a sua razão de viver.

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Tempos em que o período natalino remetia, necessariamente, aos folguedos genuinamente alagoanos, como pastoril, guerreiro e chegança, só para citar alguns.

Quem morava em Maceió tinha como agenda permanente, nessa época, frequentar as animadas festas na Praça da Faculdade, no Prado, ou no bairro de Bebedouro.

No interior, quase todos os municípios tinham na programação da sua festa de Natal os presépios e, invariavelmente, nossas tradicionais manifestações folclóricas.

Eram atividades praticadas inclusive em nosso ensino secundário, em todo o Estado.

O mundo acadêmico também se rendeu ao folclore - quem, por exemplo, não se lembra do  Pastoril da Universidade Federal de Alagoas?

Com o advento da Internet e das redes sociais, isso passou a fazer parte de um passado cada vez mais distante e a gente, na faixa dos 70 anos, precisa aturar ritmos musicais e costumes que nada têm a ver com nossa formação cultural.

Como não podemos fazer o tempo retroceder, resta-nos a resignação de aceitar o que nos é imposto pelos gestores, normalmente sujeitos à pressão da mídia.

Daí, seguindo aquela máxima de "'quem não tem cão caça com gato", não é demais sugerir a opção que nos é dada nesta terça-feira, dentro da programação do "Natal de todos nós", da Prefeitura de Maceió: assistir ao desfile natalino, às 18h30m, na Avenida Sílvio Viana, entre a Praça dos Sete Coqueiros e a Praça Gogó da Ema, na Ponta Verde.

Sobre as exibições do Guerreiro e do Pastoril, que marcaram minha geração, fica apenas a saudade e o bordão consagrado naquele também saudoso humorístico de TV: "isso não lhe pertence mais".

 

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