Redação
Após enfrentar graves problemas de saúde, faleceu nesta madrugada o ex-goleiro César, que por muitos anos foi titular do CRB, teve um momento de auge no Corínthians Paulista e é reconhecido como o maior goleiro de Alagoas em todos os tempos.
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O corpo de Carlos César de Oliveira, que faria 70 anos em 20 de setembro deste ano, está sendo velado no Cemitério Ecomemorial, em Marechal Deodoro, às margens da rodovia AL 101 Sul, onde vai ser sepultado às 15 horas desta 6a feira.
César iniciou sua carreira nas categorias de base (na época chamada juvenil) do CSA e, no final dos anos 1960, se transferiu para o rival CRB, juntamente com outros sete jogadores e o treinador Maglione Sales, o “Barbosa”.
No CRB, chegou ao apogeu no último tetracampeonato do clube (1976/1979), tendo sido apontado por cinco anos seguidos (incluindo 1980) pela Associação dos Cronistas Desportivos de Alagoas como melhor jogador do Campeonato Alagoano, algo raro para um goleiro.
Por conta dessa sua excelente trajetória foi contratado, no início de 1981, pelo Corínthians, que tinha um timaço liderado pelo atacante Sócrates.
Desembarcou em São Paulo cercado pela desconfiança dos jornalistas esportivos e da torcida corintiana, o que ensejou uma explicação do próprio César numa entrevista que tive o privilégio de fazer com ele, num evento da capital paulista:
“A diretoria criou a expectativa da contratação de Carlos, da Ponte Preta, um cara alto, louro, de olhos claros e em nível de Seleção Brasileira. De repente chego eu: baixo, preto, de um modesto clube nordestino.”
O início de César no Corínthians foi consagrador: titular absoluto, logo adquiriu a confiança da imprensa e da torcida por atuações memoráveis que lhe garantiram manchetes nas páginas de esporte dos jornais paulistas.
Uma delas, após outra grande exibição num clássico, foi marcante, resumindo a sua grande fase: “O pequeno grande César”.
O apogeu durou até um fatídico jogo contra o Grêmio, em São Paulo, quando entrou em campo com um braço machucado, num esforço para garantir a titularidade, e sofreu um gol defensável, de fora da área, do lateral gremista Paulo Roberto.
A partir desse lance, o deslumbramento acabou como num passe de mágica. As grandes defesas e as atuações impecáveis deram lugar à desconfiança – dirigentes, torcedores e jornalistas passaram a levar em conta que César era “baixo, preto, de um modesto clube nordestino” – como ele próprio dissera na entrevista a mim concedida.
A decadência foi inevitável e César até o final da carreira só conseguiu espaço em clubes de menor expressão no futebol, passando a ter uma vida pessoal de muitas dificuldades, até seus últimos dias.
Para piorar, nessa fase final a revista “Placar” cometeu uma grande injustiça com ele, ao retroceder no tempo numa reportagem e dizer que César havia entrado num esquema de manipulação de jogos da Loteria Esportiva na final do Campeonato Alagoano de 1980, vencido pelo CSA num empate de 1×1 – o que evitou o pentacampeonato do CRB.
Ao contrário da insinuação da “Placar”, César foi considerado o melhor em campo nesse dia, com grandes defesas, e não teve nenhuma culpa no gol do atacante azulino Zé Roberto, já no final da partida.
Como eu conhecia César de perto, e sabia do seu caráter, por fazer cobertura diária do CRB por cerca de 10 anos para a “Gazeta de Alagoas” e “Tribuna de Alagoas”, ao saber desse episódio injusto em relação a ele não hesitei em escrever um texto a respeito intitulado “César é um homem de bem”.
Esse é o sentimento que guardarei para sempre em relação ao atleta e cidadão Carlos César de Oliveira..
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