Nova técnica pode melhorar efeitos da quimioterapia

Publicado em 25/02/2016, às 09h28

Redação

Fazer com que áreas específicas do corpo recebam medicamento sempre foi uma luta para a Medicina: ou as drogas não conseguem encontrar um caminho eficiente, ou acabam matando células saudáveis ​​ao longo do caminho. Mas isso pode estar prestes a mudar, segundo uma publicação feita na Nature Communications. Cientistas estão criando nanocristais inteligentes que podem ser usados ​​para direcionar medicamentos a locais específicos.

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Os tratamentos atuais para o câncer afetam tanto as células de tumor quanto células saudáveis em regeneração – como folículos de cabelo e de medula óssea – o que causa terríveis efeitos colaterais associados. “Nesta fase, o tratamento para o câncer é a aplicação de radioterapia ou drogas químicas que tendem a ser muito agressivas. Você pode matar as células cancerígenas, mas também pode matar até 70 a 90 por cento das células saudáveis”, disse o pesquisador Dayong Jin, da Faculdade de Ciências da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), na Austrália. 

Esse problema também causa dificuldade no tratamento de doenças neurológicas como o Mal de Parkinson. A barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura que impede e/ou dificulta a passagem de substâncias do sangue para o Sistema Nervoso Central, mas também faz com que a entrega da droga para o cérebro seja difícil. “Por uma grande parte do tempo, a droga tende a circular no sistema sanguíneo e não no cérebro”, revelou Jin. Outro problema é que muitos medicamentos e métodos de entrega de drogas não são capazes de escapar do sistema imunológico, com a medicação sendo devorada por macrófagos ou outras células brancas do sangue. Isso significa que estamos usando mais drogas do que precisamos, pois elas não estão trabalhando de forma tão eficaz quanto deveriam.

Porém, estes novos nanocristais poderiam mudar tudo isso. Projetados com muitas propriedades diferentes, são capazes de para evitar o desencadeamento de uma resposta imune. “Temos de encontrar um novo veículo para entrega de drogas que permita que as células saudáveis ​​e a barreira hematoencefálica reconheçam a droga como um amigo e não um inimigo”, disse Jin. 

Nos últimos três anos, Jin e sua equipe criaram diversos nanocristais diferentes, devido à forma como os seus átomos se agrupam. Cada um age como uma cauda molecular diferente e pode ser utilizado de maneiras diferentes. Eles podem entregar drogas tendo como alvo células específicas e até mesmo contribuir para mapear o corpo. 

Os pesquisadores introduziram diferentes rácios de ânions oleato e moléculas para a formação dos cristais. As diferentes proporções mudam as estruturas e criam reservatórios variados ao longo dos diferentes nanocristais que podem, em seguida, ser utilizados para uma grande variedade de finalidades, como a segmentação do cérebro e a movimentação através da barreira hematoencefálica, ou em ligação a uma proteína fluorescente, que permitiria ver um tumor utilizando imagiologia em tempo real. 

O fato dos nanocristais terem muitas funções significa que eles seriam altamente eficazes na procura e, em seguida, na resposta do que precisa ser feito. Eles identificariam se um tumor precisa ser retirado ou analisariam uma área do cérebro que foi danificada, por exemplo. “Ter diagnósticos precisos também é importante, pois quando um cirurgião realiza um procedimento, ele precisa entender exatamente onde está o tumor. Se imagiologia tiver uma resolução mais alta, o cirurgião será capaz de ver um limite preciso entre as células saudáveis ​​e as células afetadas, resultando em um melhor tratamento para o paciente”, concluiu Jin.

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