Saúde

No Brasil, uma em cada 250 pessoas sofre com urticária crônica espontânea

| 01/10/24 - 09h10
| Foto: iStock

A urticária afeta cerca de 20% da população e impacta significativamente a qualidade de vida e até chegar ao diagnóstico, o paciente enfrenta uma longa jornada. Um estudo realizado na Alemanha indicou que a jornada do paciente até o diagnóstico correto pode durar até cinco anos. No Brasil, com a criação de centros de referência mundial para tratamento de urticária (UCARE), esse período tem variado entre um e dois anos.

“Os pacientes enfrentam uma longa jornada até chegar ao alergista-imunologista. Em média, passam por oito consultas com clínicos gerais, e cerca de 67% desistem de procurar um diagnóstico. Durante esse tempo, aproximadamente 30% dos pacientes são hospitalizados”, conta Dr. Régis de Albuquerque Campos, Coordenador do Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

O especialista comenta ainda que antes de obter um diagnóstico correto, muitos pacientes recorrem à automedicação, utilizando frequentemente antialérgicos de primeira geração, que causam sonolência, e corticosteroides, que podem gerar complicações graves a longo prazo, como osteoporose e doenças cardiovasculares.

Impacto Emocional

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Os pacientes, ao chegarem ao especialista, geralmente apresentam um estado físico e psicológico abalado. Muitos desenvolvem ansiedade e depressão devido à longa jornada e aos efeitos adversos das medicações inadequadas.

A urticária não é emocional, não é psicológica e nem ocorre por estresse. Porém, o constrangimento causado pelas lesões, o desconforto da coceira e a insegurança de não saber quando vai ter uma crise afetam o emocional e a vida social e profissional com repercussões no trabalho, na escola, no sono e no lazer.

Case: “Tive um paciente no ambulatório com quadro de urticária solar. Antes do diagnóstico e tratamento corretos, essa pessoa ficou durante 10 anos sem sair de casa porque tinha receio de pegar sol, não sabia o que era aquilo que aparecia no corpo: as coceiras, empolações e inchaços. Isso comprometeu demais a qualidade de vida desse paciente e, até hoje, ele sofre com um quadro de ansiedade.”

Com o diagnóstico correto, inicia-se uma nova fase para ajustar a medicação. “Os anti-histamínicos são a primeira linha de tratamento, mas em alguns casos, doses mais altas ou até imunobiológicos são necessários. No entanto, o acesso a tratamentos com o imunobiológico omalizumabe ainda enfrenta barreiras. Os planos de saúde cobrem, porém, muitos pacientes só conseguem o tratamento por via judicial. Já no sistema público de saúde ele ainda não é coberto”, explica Dr. Régis Campos.

É importante procurar um médico especialista, que conheça sobre urticária, para evitar, desta forma, tratamentos que não são comprovadamente eficazes.

A urticária é classificada em dois grupos:

Urticária Aguda: Os sintomas desaparecem em até seis semanas e as causas podem estar relacionadas a infecções, alimentos, medicamentos, ferroadas de insetos e contrastes usados em exames de imagem.

Urticária Crônica: Os sintomas surgem diariamente ou quase diariamente e duram mais do que seis semanas, podendo persistir por meses ou anos.  A urticária crônica ainda é subdividida em dois tipos – Urticária Crônica Espontânea (UCE) e Urticária Crônica Induzida (UCIND).

UCE: As urticas surgem sem motivo aparente e sem relação com nenhum estímulo externo. A urticária crônica espontânea não é emocional, não é alergia e não é causada por fatores externos.

UCIND: As lesões são desencadeadas por fatores específicos, que podem ser provocadas pelo atrito e fricção na pele (dermografismo), contato com frio (urticária ao frio), pressão sobre a pele (urticária de pressão tardia), calor (urticária ao calor), água (urticária aquagênica), estímulos vibratórios (angioedema vibratório) e por aumento da temperatura corporal (urticária colinérgica).

Sobre a ASBAI

A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia existe desde 1972. É uma associação sem finalidade lucrativa, de caráter científico, cuja missão é promover a educação médica continuada e a difusão de conhecimentos na área de Alergia e Imunologia, fortalecer o exercício profissional com excelência da especialidade de Alergia e Imunologia nas esferas pública e privada e divulgar para a sociedade a importância da prevenção e tratamento de doenças alérgicas e imunodeficiências. Atualmente, a ASBAI tem representações regionais em 23 estados brasileiros.