"Naquele momento, morri e nasci de novo", diz homem que enfrentou correnteza de rio por 10 horas

Publicado em 08/11/2022, às 12h10
Reprodução -

João Victor Souza e Bruno Protasio

Foram quase 10 horas de agonia, de luta para sobreviver. O "escorregão" seguido da queda da ponte de José Cícero, de 35 anos, em meio à chuva que caía na cidade de Rio Largo, causou um drama vivido em silêncio durante toda a madrugada desta terça-feira, 08. Sozinho, com a água na altura do pescoço e agarrado em uma árvore, o homem enfrentou a força da correnteza do Rio Mundaú e esperou o nascer do sol para enfim poder gritar por socorro. 

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Em entrevista ao repórter Bruno Protasio, da TV Pajuçara, o homem contou que passou por um livramento e disse que viu a morte de perto. "Naquele momento eu morri. Só Deus para pegar na minha mão, me levantar e me pôr de pé mais uma vez. Nasci de novo. Agora é tocar o barco para frente", afirmou José Cícero.

Ainda de acordo com a vítima, a impossibilidade de não ter como sair da água o fez ter paciência para esperar as longas horas. Só no início da manhã, ele conseguiu avistar pessoas às margens do rio e pedir ajuda.

"Esperei o dia clarear para pedir socorro. Foi o momento que passou o pessoal da caminhada e tirei a camisa, chacoalhei para pedir socorro. Aí ligaram para o Corpo de Bombeiros e me ajudaram [...] Até eles encontraram dificuldades, mas viram o melhor momento para me resgatar", explicou.

"Quando vi a chegada dos bombeiros tive a sensação de felicidade. Já estava agoniado desde a noite. Queria sair dali para ir para casa, tomar meu banho, tomar meu café e ver minha família novamente", acrescentou a vítima.

O homem que é funcionário de uma usina confirmou que tinha saído do trabalho e ido para a casa da irmã, onde bebeu com os parentes. Na volta para a casa, o trabalhador escorregou e caiu próximo à mureta de proteção da ponte, que está com a estrutura danificada.

"Me desequilibrei e quando vi já estava debaixo da ponte, com a água batendo no pescoço. A maré estava muito alta, a correnteza era grande demais. Só Deus para me socorrer. Eu não tinha força para dominar uma correnteza, a água puxou daquele jeito que só Deus para salvar naquela hora", disse. 

"Ela foi me levando e engoli muita água. Aí agarrei no pedaço de pau e me senti mais firme para pedir ajuda", complementou José Cícero que ainda estava com o uniforme do trabalho.

O caso - O homem identificado como José Cícero, 35 anos, foi resgatado pela equipe de salvamento do Corpo de Bombeiros depois de escorregar e cair no rio Mundaú, em Rio Largo, na manhã desta terça-feira, 08. A vítima havia sofrido a queda da ponte na Rua João Patrício Ramalho, no momento em que chovia na cidade. 

Segundo informações de uma testemunha, os bombeiros chegaram para resgatá-lo com bote e com apoio de helicóptero. Uma corda foi arremessada da aeronave para içar o homem que estava agarrado em uma árvore no meio do rio, para não ser arrastado pela correnteza. 

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