Polícia

Mulheres trans presas em AL filmavam vítimas e as obrigavam a fazer transferências, diz PC

| 04/11/23 - 14h11
Suspeitas utilizavam maquinetas para realizar pagamentos com cartões das vítimas, diz polícia | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

A prisão de duas mulheres trans, feita nessa sexta-feira, 3, em Delmiro Gouveia, no Sertão de Alagoas, é o desdobramento de investigação que começou após sucessivos crimes realizados no estado de Sergipe. Segundo a delegada Giselle Martins, da Polícia Civil sergipana, em alguns casos, após programas sexuais, as investigadas alegavam que precisavam de carona, no entanto, as suspeitas também faziam vídeos das vítimas e as extorquiam logo em seguida. 

“Elas filmavam e as outras começavam a pegar cartões e contas, obrigando que as vítimas digitassem a senha, fizesse transferências bancárias ou ainda passassem os cartões em maquinetas que elas tinham em mão”, detalhou a delegada Giselle Martins, integrante da Delegacia de Turismo (Detur), unidade policial que investigou o caso.

Em alguns casos, após programas sexuais, as investigadas alegavam que precisavam de carona. “Nesse momento, geralmente era uma ou duas mulheres, e, posteriormente, chegavam mais três ou quatro mulheres trans. Elas constrangiam as vítimas e as ameaçavam, inclusive, agindo com violência mediante uso de faca. Assim, conseguiam transferências PIX ou pagamentos em maquinetas”, revelou a delegada Luciana Pereira.

Operação Themis - A prisão das duas investigadas é um desdobramento da Operação Themis, deflagrada em outubro. Na época, três garotas de programa, mulheres transexuais, foram presas. Com as duas prisões dessa sexta-feira, são cinco investigadas presas. As apurações policiais que são conduzidas pela Detur com o auxílio da Dipol e da Polícia Civil de Alagoas seguem em andamento para chegar à localização de uma sexta integrante da associação criminosa. 

Conforme as informações policiais, a investigação, que teve início em abril deste ano, identificou boletins de ocorrência em que as vítimas narraram crimes de extorsão praticados por garotas de programa transexuais em Aracaju. Com o pretexto de fazerem programas sexuais, elas extorquiam as vítimas mediante violência para obter vantagens financeiras . 

“No decorrer das investigações, sentimos um aumento de boletins de ocorrência em casos desse tipo especialmente em períodos de festividade. Foi uma investigação delicada e que durou um certo tempo por conta do tipo de crime e por conta das pessoas envolvidas, tanto as investigadas, quanto das vítimas”, explicou a delegada Luciana Pereira no dia 5 de outubro, quando foi detalhado o resultado da operação.

Dentre os crimes narrados pelas vítimas, foi identificada a prática de associação criminosa, conforme relatou a delegada Giselle Martins, em 5 de outubro.

“Recebemos uma vítima narrando que, após o término de um programa, chegaram outras transexuais que começaram a extorqui-la. Eram quantias significativas que eram retiradas das contas das vítimas”, complementou. Também no decorrer da investigação, a ação criminosa das investigadas fez com que profissionais do sexo fizessem pedidos de ajuda à Polícia Civil, assim como revelou Luciana Pereira.

“No sentido de que esse tipo de crime, tanto assaltos, quanto extorsões, acabam afugentando e amedrontando clientes. Então a gente recebeu um grande apelo por parte de outros profissionais do sexo que pediam que a gente resolvesse a questão”, citou.