João Victor Souza
Oito dias depois de ter sido vítima de espancamento, a mulher transexual de iniciais L. V. T., de 20 anos de idade, foi submetida a um procedimento cirúrgico devido às lesões que sofreu na face e o estado de saúde dela é considerado estável pela equipe médica do Hospital Regional de Arapiraca. O "crime de ódio", como está sendo investigado pela Polícia Civil, aconteceu no município de Palmeira dos Índios e chocou os moradores da localidade. Dois homens são suspeitos do ataque e continuam soltos.
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O Hospital Regional de Arapiraca comunicou ao TNH1, na manhã desta quinta-feira, 15,que L. V. T. teve múltiplas fraturas dos ossos em virtude do forte impacto dos golpes. Ela entrou na sala de cirurgia na noite de quarta-feira para a reconstrução das fixações das fraturas, com o procedimento bucomaxilofacial, e depois foi encaminhada para o setor de leito de retaguarda de pós-cirurgia, onde recebe, neste momento, atendimento multiprofissional, com psicóloga, bucomaxilo e enfermeiros.
A mulher trans foi internada na unidade após transferência do Hospital de Emergência do Agreste na última semana. Ela apresentou um quadro de inchaço no rosto, a parte do corpo mais atingida pelos golpes dos agressores, e passou a tomar medicamentos para controlar a dor, ficando em observação desde então.
A Polícia Civil confirmou que a vítima deve comparecer na delegacia de Palmeira dos Índios logo após receber alta médica do hospital. A previsão é de que, no início da próxima semana, L. V. T. deixe o hospital e continue a recuperação em casa.
Suspeitos estão livres e família de vítima é intimada a depor - Os dois suspeitos do crime contra a mulher trans ainda não foram localizados. A dupla não foi mais vista na cidade desde o dia do espancamento e já foi reconhecida pela vítima.
Anteriormente, a Polícia Civil comunicou que vai indiciar os dois por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe. As investigações mostraram que houve "crime de ódio", visto que as agressões foram praticadas por dois homens que já tinham tido atitudes preconceituosas e discriminatórias contra a mulher trans. O caso se enquadra em transfobia.
O chefe de operações da delegacia de Palmeira dos Índios, Diogo Martins, disse ao TNH1, na manhã desta quinta, 15, que a família da vítima já foi intimada a depor, porém não compareceu na delegacia.
"Os familiares dela não moram em Palmeira dos Índios, nós falamos com a prima rapidamente, mas nada novo foi acrescentado. A família já foi intimada para ir na delegacia, mas até o momento não foi. Intimamos vizinhos também, eles foram, mas estão com receio, disseram que não conhecem os suspeitos e não sabem de nada".
"Ela vai comparecer na delegacia após receber alta médica. Nós já estivemos com ela no hospital, mas é necessária a ida dela para registrar o depoimento na delegacia".
O caso - A mulher transexual, de 20 anos, foi violentamente agredida dentro de casa na última terça-feira, 6, em Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas. A vítima foi socorrida e transferida para o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca.
Segundo a Polícia Militar, os vizinhos dela acionaram a equipe após encontrarem a vítima com diversos ferimentos e a casa com sinais de arrombamento. O Corpo de Bombeiros foi até a residência, e relatou que ela apresentava muitos hematomas na face, pescoço e outras regiões da cabeça.
A transfobia acontece com atitudes, sentimentos ou ações negativas, discriminatórias ou preconceituosas contra pessoas transgênero. Ela pode ser repulsa emocional, medo, violência, raiva ou desconforto sentidos ou expressões em relação a pessoas transgênero.
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