Motoristas pedem atuação da Defensoria para rever projeto que regulamenta Uber

Publicado em 11/08/2017, às 15h51

Redação

Uma comissão formada por motoristas do aplicativo Uber compareceu à sede da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, localizada na Avenida Fernandes Lima, na manhã desta sexta-feira, 11, para pedir a intervenção da instituição no sentido de impedir os efeitos da  Lei Municipal nº 7.004/2017, que regulamenta o serviço de transporte motorizado por meio de plataformas tecnológicas. 

LEIA TAMBÉM

De acordo com a comissão, a lei, sancionada pelo Prefeito Rui Palmeira, ontem, tornará insustentável o exercício da atividade. "A taxa fixa mensal no valor de R$ 120 e a obrigatoriedade de propriedade do carro, que deve ter menos de cinco anos de uso para o motorista do aplicativo, encarecerá o serviço e impedirá muitos de desempenhar a profissão. Esta taxa não leva em conta o tempo em que os motoristas ficam logados na plataforma, prejudicando principalmente aqueles que trabalham por pouco tempo, apenas para complementar a renda", relatou um dos profissionais. 

“Não estamos aqui de graça. Já pagamos diversas taxas, não temos nenhum tipo de isenção, nós emitimos nota fiscal para os cidadãos, tudo legalmente. Nós aceitamos a regulamentação, entendemos que ela é necessária, mas que seja de uma forma justa. O que está acontecendo é um jogo rápido para puxar o tapete, um convite para sairmos do estado”, comentou um dos integrantes da associação que reúne os motoristas, Cristiano Cavalcante. 

Para o defensor público Daniel Alcoforado, membro do Núcleo de Direitos Coletivos e Humanos da Defensoria Pública, a lei criou uma série de restrições que, em muitos casos, impedem o exercício da livre profissão pelos motoristas. 

“Analisei brevemente a lei, mas já é possível vislumbrar pontos questionáveis judicialmente. Os motoristas acrescentaram outros elementos que devem ser considerados. Infelizmente, houve pouca discussão com relação ao conteúdo da lei. Entre a proposta do Executivo e a aprovação da Câmara de Vereadores passou-se poucos dias, sem haver discussão alguma sobre o projeto, o que por si já cria um déficit de legitimidade, tendo em vista que se trata de uma matéria que interessa muito à sociedade, que vem utilizando as plataformas há um tempo, com bom nível de satisfação”, comentou o defensor. 

“Agora a lei está sancionada e publicada e como não resta mais o caminho da discussão política. A Defensoria analisará com mais profundidade o texto para avaliar o caminho que assegure o estrito cumprimento de princípios, regras e valores constitucionais, dentre eles o do livre exercício da atividade”, pontuou Alcoforado.

A Defensoria Pública do Estado vem atuando para garantir o direito de motoristas ao exercício da atividade e de consumidores à livre escolha pela forma de transporte individual que lhes sejam mais conveniente. No final de 2016, o Núcleo de Direitos Coletivos e Humanos, em ação civil pública ingressada pelo defensor público Daniel Alcoforado, conseguiu garantir a atividade de motoristas do Uber em Maceió. Neste ano, ação da Defensoria Pública em Rio Largo permitiu o funcionamento do aplicativo no Município.

ASSOCIAÇÃO QUESTIONA PONTOS

Entre os pontos questionados pela associação, estão a obrigação de que apenas o proprietário do veículo possa atuar na Uber; condição de que só possam circular na Uber veículos  cadastrados junto à SMTT com no máximo 05(cinco) anos de fabricação - a entidade quer estender o prazo para 9 anos -. Outro ponto questionado pelos motoristas é de a proibição do cadastramento de condutores de outras cidades. 

"No entanto, a Associação recomenda que essa exigência seja estendida a tudo o território estadual, uma vez que o imposto recolhido é de competência do DETRAN, órgão estadual", diz o documento entregue à Defensoria.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Vídeo: caminhão bate e danifica poste na Avenida Rotary durante a madrugada Familiares, autoridades e admiradores de Biu de Lira participam de Missa de 7º Dia Bombeiros resgatam cinco pessoas de afogamento na Praia da Sereia Vigilância Sanitária apreende 500 kg de carnes estragadas em supermercado de Maceió