Morre o grego que ajudou maratonista brasileiro nas Olimpíadas de 2004

Publicado em 26/01/2023, às 13h47
Marco Antonio Rezende / COB -

Folhapress

Conhecido por ter ajudado o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, o grego Polyvios Kossivas morreu na última semana, aos 71 anos. A informação foi divulgada pelo site do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

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O brasileiro liderava a maratona daquele ano até ser atacado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan. Cordeiro de Lima perdeu a primeira posição para o italiano Stefano Baldini. Kossivas, que assistia a corrida, saiu da calçada, puxou Hoan e possibilitou ao atleta voltar à prova. Cordeiro de Lima conquistou a medalha de bronze.

"Recebi a notícia do falecimento do Polyvios Kossivas com profundo pesar. Uma pessoa que eu nunca imaginei conhecer e acabou fazendo parte da minha vida com uma nobre atitude na maratona olímpica de Atenas, em 2004. Ele foi o primeiro a me socorrer e rapidamente me ajudou a voltar para a prova. Serei eternamente grato", escreveu o ex-atleta em sua conta no Instagram.

Quando o incidente aconteceu, ninguém sabia quem era o personagem, ex-jogador de basquete, que ajudou o maratonista. Após questionar a polícia e o Ministério da Ordem Pública da Grécia, sem sucesso, a Folha publicou um anúncio no jornal "Goal News", em busca da identidade do espectador. Kossivas respondeu. "Ninguém me procurou. Só me descobriram depois do anúncio que vocês criaram. Agora, todos querem me entrevistar", diz Kossivas na ocasião.

"Quando vi o Vanderlei chegando perto de onde a gente estava, notei que a multidão começou a olhar para o outro lado da rua. Era o irlandês que aparecera como um raio para derrubar o atleta no chão", recordou o grego, na entrevista que concedeu ao repórter Guilherme Roseguini, na época.

A reportagem foi publicada na edição de 14 de setembro de 2004.

"Reagi imediatamente, sem calcular os riscos. Eu afastei o intruso e vi o Vanderlei caído como um pássaro ferido. Comecei a gritar 'vai, vai' para incentivá-lo", relatou. "A multidão batia nele e gritava 'o que você fez?'. Só depois foi algemado e tirado de lá pela polícia."

A convite do COB, o grego viajou ao Brasil meses após as Olimpíadas, em 2004. Conheceu o Rio de Janeiro, visitou escolas de samba e foi homenageado no Prêmio Brasil Olímpico.

"Ele era um homem simples, generoso, carinhoso e altruísta. Adorava minha mãe [Ioulia] e eu. Ele me criou me dando tudo generosamente. Era um viciado em trabalho, incansável, sem nunca reclamar. Acordava todos os dias às 6h. Era respeitado por todos", escreveu Smaragda Tsirka, filha de Polyvios, em mensagem enviada ao COB.

"Naquele momento [em que ajudou Vanderlei Cordeiro de Lima], Polyvios Kossivas se transformou em um herói do esporte olímpico nacional, por uma atitude que é lembrada e reverenciada até hoje no Brasil e no mundo. O COB lamenta a morte de Polyvios e gostaria de transmitir o mais profundo sentimento aos seus familiares", afirmou o presidente do Comitê, Paulo Wanderley.

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