Morre José Ramos Tinhorão, um dos maiores críticos da música brasileira, aos 93

Publicado em 03/08/2021, às 16h24
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O pesquisador musical José Ramos Tinhorão, um dos maiores críticos da música brasileira, morreu nesta terça-feira aos 93 anos. A notícia foi confirmada pela editora 34, que o publicava.

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Nascido em Santos, no estado de São Paulo, Tinhorão fez carreira como jornalista em veículos como a TV Globo, o Jornal do Brasil e a revista Veja. Rapidamente se consolidou como um dos principais observadores da música popular brasileira e um repositório de histórias e documentos sobre o assunto.

Escreveu mais de 25 livros sobre música, entre eles "História Social da Música Popular Brasileira", "Música popular: um tema em debate" e "O Samba Agora Vai: A Farsa da Música Popular no Exterior", um dos primeiros a projetar seu pensamento inquieto e provocador ao debate público. Seu acervo hoje pertence ao Instituto Moreira Salles.

Tinhorão atacou a bossa nova e o tropicalismo na contracorrente dos estilos

Destoar fazia parte da natureza de José Ramos Tinhorão. Célebre por ter ido na contramão da maioria ao desaprovar movimentos como a bossa nova e o tropicalismo enquanto se desenvolviam e eram celebrados, o também historiador era contrário a qualquer manifestação que a seu ver interferisse na pureza das raízes populares da música nacional.

Rotulado de marxista radical e nacionalista -título que ele mesmo alimentava e do qual nunca se descolou-, Tinhorão escreveu livros como "Música Popular - Do Gramofone ao Rádio e TV", "Festa de Negro em Devoção de Branco", "Pequena História da Música Popular: Segundo Seus Gêneros" e "História Social da Música Popular Brasileira", que se consolidou como um clássico.

Foi no Jornal do Brasil que Tinhorão se tornou meticuloso e reconhecido crítico ferino, investigando a trajetória de velhos sambistas -entrevistando nomes como Ismael Silva, Bide, Heitor dos Prazeres e Pixinguinha- celebrando as origens do gênero e de outras manifestações populares nos ritmos do Brasil.

"O que eu fazia não era crítica, era ensaio. Pegava as coisas no calor da hora e analisava ali mesmo. Claro que é um delírio de grandeza meu, mas só Marx fez isso. Ele ia publicando nos jornais em que colaborava e era aquilo [que publicava em livro], a análise estava feita", disse à Folha, em 2014.

As opiniões fortes sobre os rumos da música brasileira fizeram com que Tom Jobim, considerado um dos maiores compositores nacionais, fosse classificado por ele "não um criador, mas um arranjador".

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