Folhapress
Morreu aos 77 anos, em Roma, o cineasta italiano Bernardo Bertolucci, um dos últimos remanescentes da geração de autores revelada na Europa nos anos 1960. A imprensa europeia diz que ele sucumbiu a "uma longa doença".
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Ex-assistente de Pier Paolo Pasolini, o diretor estreou em voo solo com "A Morte", de 1962, baseado em argumento e roteiro do antigo chefe. Dois anos mais tarde, viria "Antes da Revolução".
Chama a atenção a partir de 1970, com "O Conformista", adaptação do romance homônimo de Alberto Moravia sobre a normalização do fascismo. Protagonizado por uma das estrelas da época, o francês Jean-Louis Trintignant, o filme foi premiado no Festival de Berlim e indicado ao Oscar de roteiro adaptado.
A consagração viria com "O Último Tango em Paris" (1972), cercado de polêmicas. Uma cena de sodomia envolvendo os personagens interpretados por Marlon Brando e Maria Schneider levou a cortes ou à censura total do longa-metragem em vários países.
O diretor italiano Bernardo Bertolucci, de "O Último Tango em Paris" AFP O diretor italiano Bernardo Bertolucci, de "O Último Tango em Paris" Na Itália, onde ele só pôde estrear em 1975, todas as cópias de "Tango" foram confiscadas depois de uma semana, Bertolucci se viu processado por obscenidade, e a Justiça ordenou que elas fossem destruídas, além de condená-lo à prisão. A produção, também proibida por anos no Brasil, só cumpriria carreira no circuito italiano em 1987.
Tempos depois, Schneider diria ter sido coagida a fazer a cena controversa, cujo nível de violência ela teria descoberto no momento da filmagem.
Depois da superprodução "1900" (1976), com elenco internacional liderado por Robert De Niro e Gérard Depardieu, Bertolucci teria em "O Último Imperador" (1987) a confirmação de sua estatura global.
Vencedor de nove Oscars, incluindo os de melhor filme e melhor diretor, o trabalho inaugura uma fase hollywoodiana que incluiria ainda os menos aclamados "O Céu que nos Protege" (1990) e "O Pequeno Buda" (1993).
Ele volta à Itália (mas em língua inglesa) com "Beleza Roubada" (1996), mas só faz mesmo as pazes com crítica e cinéfilos alguns anos depois, graças a "Os Sonhadores" (2003), sobre as ondulações lúbricas e intelectuais de um trio de jovens franco-americanos, com o Maio de 68 parisiense como pano de fundo.
Já muito debilitado, ele se despediria dos longas-metragens rodando o doce "Eu e Você" (2012), mais uma adaptação literária.
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