Moro defende redução da maioridade penal e revela preocupação com liberação da posse de arma

Publicado em 06/11/2018, às 17h45
Sérgio Moro | Evaristo SA/AFP -

O Povo Online

Anunciado como futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro defendeu nesta terça-feira, 6, a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. A mudança é uma dos principais políticas defendidas pelo presidente recém-eleito, Jair Bolsonaro (PSL), assim como a liberação da posse de arma de fogo. O juiz disse ver com preocupação a flexibilização para a compra de armas. 

LEIA TAMBÉM

"A plataforma na qual o presidente se elegeu prega a flexibilização da posse e do porte de armas. Eu externei minha preocupação a ele, de que uma flexibilização excessiva pode ser utilizada para municiar organizações criminosas", disse. 

Moro concede a primeira entrevista coletiva após ser anunciado por Bolsonaro. Sobre a idade mínima para prisão, disse concordar o futuro chefe do Executivo nacional. “O adolescente tem que ser protegido, mas um adolescente acima de 16 anos que mata, tem um discernimento”, completou. 
Combate à corrupção
 
O futuro ministro disse ainda que pretende importar a metodologia de trabalho aplicada na operação Lava Jato para combater o crime organizado. A ideia, segundo ele, é criar forças-tarefas, inclusive resgatando ideias propostas nas dez medidas contra corrupção. “A ideia é que sejam propostas simples e aprovadas em breve tempo”, comentou. 
 
Ele listou a intenção de alterar regras da prescrição de crimes de corrupção, tornar mais clara a execução de penas em segunda instância e proibição de progressão penal quando há provas de vínculo entre o preso e organizações criminosas, além de legislação mais clara sobre operações com policiais disfarçados. 
 
“Implementar o controle da comunicação entre os presos, a prisão tem de neutralizar a possibilidade de se comandar  o crime por dentro das prisões”, ressaltou. 
 
Uso político dos cargos
 
Moro também rechaçou qualquer ideia de uso político de cargos, seja quanto à frente da Lava Jato, seja no Ministério que deve assumir. Ele disse que conheceu Bolsonaro na última quinta-feira, 1º de novembro, quando se reuniram. Segundo o juiz, em 23 de outubro, Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, o sondou sobre a possibilidade de assumir posto no quadro ministerial. 
 
“Disse que só poderia tratar disso depois das eleições, e falei mais ou menos a ele o que seria necessário para qu eu assumisse a posição. Depois das eleições houve o convite público e houve esse encontro (em 1º de novembro)”, relatou. 

Morro disse que o cargo não está relacionado à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O que houve é que uma pessoa lamentavelmente cometeu um crime, foi investigado, provado e ela respondeu na Justiça”, disse sobre o petista. E completou: “Não passo pautar a minha vida num álibi falso de perseguição política”. 

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

Justiça condena homem que chamou artista de 'traveco' em post de casa de shows, em Maceió Justiça proíbe condomínio de usar galinhas contra praga de escorpiões Justiça manda indenizar mulher que contraiu HPV após traições do ex-marido STF nega liberdade condicional a ex-deputado Daniel Silveira