Estadão Conteúdo
Minas Gerais inaugurou há uma semana uma biofábrica de mosquitos modificados, caracterizados por carregar a bactéria Wolbachia (os Wolbitos), que é capaz de bloquear a transmissão de arboviroses dos vetores aos humanos, principalmente a dengue. A produção, porém, só deve começar em 2025.
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Os recursos para construção do prédio em Belo Horizonte foram provenientes do acordo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, em janeiro de 2019. A tragédia tirou a vida de 272 pessoas. Por isso, na primeira fase do novo projeto, os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria serão soltos na cidade de Brumadinho e em outros 21 municípios da Bacia do Rio Paraopeba.
Segundo o Ministério da Saúde, a Vale também vai arcar com a montagem dos equipamentos e o custeio das operações por cinco anos. A construção do prédio recebeu investimento de aproximadamente R$ 20 milhões, e a etapa de operação prevê mais R$ 57 milhões, de acordo com o governo mineiro.
A ideia é que, no futuro, a fábrica consiga atender à demanda por Wolbitos de todos os municípios mineiros. "A fábrica com certeza vai chegar a uma capacidade de 60 milhões de mosquitos por mês. Com o tempo, vamos ter aqui em Minas números muito melhores com relação à dengue", afirmou o governador Romeu Zema (Novo). O Estado já registrou mais de 1,3 milhão de casos prováveis e confirmou 324 mortes pela doença neste ano. "É uma fábrica que vai revolucionar o futuro de Minas."
RESULTADO COMPROVADO - Conforme mostrou o Estadão, no fim do ano passado, nas cidades onde o método tem sido utilizado, pesquisadores alcançaram reduções de até 90% na incidência da dengue. Eles também tiveram resultados positivos em relação a outras doenças causadas pelo mosquito, como zika e chikungunya.
No Brasil, o método australiano é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde em parceria com governos locais, desde 2014. Até o ano passado, o World Mosquito Program (WPM), detentor da patente da metodologia, usava, de forma provisória, o prédio da Fiocruz, no Rio, e em um espaço cedido pela prefeitura de Belo Horizonte para produzir Wolbitos.
Durante a inauguração, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que "essa é a primeira biofábrica além da do Rio de Janeiro", mas a pasta tem planos de expansão para outros Estados. Segundo ela, há planos para construção de estruturas semelhantes no Paraná e no Ceará.
Em fevereiro, Ethel informou que a pasta havia comprado toda a produção de mosquitos da Fiocruz para este ano. O método Wolbachia chegou a seis novas cidades: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC). Antes estava presente em outras cinco: Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).
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