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Após 10 dias da instalação do novo equipamento DGPS (Differential Global Positioning System), a Defesa Civil de Maceió divulgou que o afundamento da mina 18, da Braskem, foi de 29,48cm neste período. A informação foi publicada pela órgão na tarde desta sexta-feira, 23.
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O DGPS que media a movimentação da mina 18 foi perdido no rompimento que ocorreu no domingo, dia 10 de dezembro. Por conta disso, a Defesa Civil instalou o novo equipamento nas proximidades da mina 18 no dia seguinte.
"Após 10 dias do início da captação de dados do novo equipamento instalado na mina 18, é possível apresentar dados consistentes em relação ao movimento. O deslocamento vertical acumulado nestes 10 dias é de 29,48cm, com uma velocidade de 0,69mm por hora, apresentando um movimento de 16,66 mm nas últimas 24h.
O órgão permanece em alerta e por precaução a recomendação continua: a população não deve transitar na área desocupada. A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas", diz a nota do órgão municipal.
Entenda a situação - Após a Defesa Civil de Maceió alertar sobre o colapso iminente da mina 18, da Braskem, no Mutange, cerca de 23 famílias tiveram que ser retiradas das casas que estão localizadas na área de risco e a Prefeitura de Maceió decretou estado de emergência na capital por 180 dias. A Justiça Federal, inclusive, autorizou o uso de força policial, caso os moradores recusassem a sair.
O caso é um desdobramento dos tremores de terra que começaram a ser sentidos pela população do Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e parte do Farol em março de 2018, causados pela mineração de sal-gema feita pela Braskem desde a década de 70 naquela região, conforme apontou o Serviço Geológico do Brasil.
A Justiça Federal determinou, na manhã da quinta-feira, 30 de novembro, que a Braskem adote providências em relação ao novo mapa elaborado pela Defesa Civil Municipal, que inclui no PCF novos imóveis localizados no Bom Parto. A mineradora comunicou aos acionistas e ao mercado que o valor atribuído à causa pelos autores da ação é de R$ 1 bilhão. Desde então o caso tem sido acompanhado pelo Governo Federal e vários órgãos fiscalizadores junto à mineradora Braskem.
O presidente da Braskem, Roberto Bischoff, afirmou na segunda-feira, 4 de dezembro, que nos últimos quatro anos foram realocadas 40 mil pessoas - a estimativa dos órgãos é que o número seja de quase 60 mil - em 14,5 mil imóveis e mais de 97% das propostas de indenização foram aceitas e pagas por meio do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação (PCF). O comentário foi feito ao Estadão durante o 28º Encontro Anual da Indústria Química (Enaiq), evento tradicional do setor químico promovido pela Associação Brasileira de Indústrias Química (Abiquim).
Depois de registrar afundamento superior a 2 metros ao longo de duas semanas, a mina 18 sofreu rompimento às margens da laguna Mundaú no dia 10 de dezembro. O fato provocou angústia em moradores que ainda seguem residindo em regiões próximas.
A Polícia Federal deflagrou, na manhã da quinta-feira, 21 de dezembro, a Operação Lágrimas de Sal, que apura os crimes cometidos no decorrer dos anos pela exploração de sal-gema feita pela Braskem. De acordo com a PF, foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade. Segundo a PF, técnicos que atuaram na avaliação dos rompimentos das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), em Minas Gerais, vão colaborar na investigação.
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