Folhapress
A Microsoft anunciou neste domingo (24) uma nova versão de seus óculos de realidade mista, o HoloLens, e uma câmera inteligente, que usa inteligência artificial para analisar o que acontece nas imagens capturadas.
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A realidade mista é a tecnologia que permite a visualização de objetos virtuais como se estivessem inseridos no mundo real por meio de lentes especiais.
A inteligência artificial, por sua vez, se refere ao uso de mecanismos ou programas de computador para tentar imitar a inteligência humana.
O kit do HoloLens 2 está disponível em pré-venda, fora do Brasil, por U$ 3.500 (aproximadamente R$ 13,2 mil). A câmera, Azure Kinect, está em pré-venda nos EUA e na China por U$ 399 (cerca de R$ 1.500).
Nenhuma data oficial de lançamento foi anunciada. Segundo o engenheiro da Microsoft Alex Kipman, o HoloLens 2 foi criado a partir do retorno recebido de usuários da versão anterior da ferramenta, lançada em 2016.
O foco, segundo a empresa, é que as pessoas consigam interagir com o HoloLens de forma mais instintiva. Será possível, por exemplo, "tocar" nos objetos holográficos com as mãos e usar comandos de voz para auxiliar nas tarefas.
Essa dinâmica foi demonstrada no palco durante o anúncio. Era possível analisar objetos 3D, tocando neles e fazendo-os crescer, diminuir, girar e serem desmontados. Ao dizer "me siga" para uma janela de um navegador de internet que estava no ambiente de realidade mista, ela passou a "acompanhar" os olhos para ficar sempre à vista.
A nova versão do equipamento traz uma área de visualização com mais de o dobro do tamanho em relação ao antecessor sem perder qualidade, segundo a empresa. "É como ir de uma TV 720p [o HD tradicional] para 2k", comparou Kipman.
A promessa é também oferecer mais conforto. Para isso, a empresa usou o que chamou de sistema universal de encaixe e a frente dos óculos será feita de fibra de carbono, para ficar mais leve. "Será como colocar seu chapéu favorito", afirmou o engenheiro.
O HoloLens será também capaz de ser desbloqueado instantaneamente a partir do reconhecimento da íris do usuário.
O dispositivo contará com um conjunto de aplicativos de fábrica. Dessa forma, a Microsoft pretende acabar com um intervalo médio de seis meses, segundo sua avaliação, que um equipamento de realidade mista –tempo necessário para desenvolver programas para ele– leva para trazer algum benefício para empresas que o adotam. O impacto seria imediato.
Na prática, hoje, seria como se os HoloLens fossem computadores comprados com praticamente nada no sistema. Cada empresa a usar precisa desenvolver seus programas. Na analogia com um computador, seria como se tivessem que fazer do zero seu próprio editor de texto ou navegador de internet.
Agora, algumas dessas ferramentas de trabalho já estarão presentes para o HoloLens.
Um exemplo, desenvolvido pela Spatial, permite conferências virtuais. Cria-se um avatar a partir de uma foto de 3D das pessoas e elas são colocadas em uma espécie de sala virtual, na qual podem interagir com o ambiente. "Diminui necessidade de viagem [de funcionários]", afirmou Sven Gerjets, chefe de tecnologia da Mattel, que já usa a tecnologia.
Outro caso apresentado mostrava funcionários de uma fábrica usando a realidade mista para passar por treinamento, enquanto manipulavam máquinas reais.
Empresas interessadas poderão também customizar o HoloLens para melhor atender suas necessidades. A Trimble, especializada em produzir tecnologia para construção civil, por exemplo, acoplou um chapéu de proteção individual aos óculos.
Já a Azure Kinect, batizada em homenagem às câmeras usadas nos videogames Xbox 360 e Xbox One e que serviram como base para a tecnologia, promete a compreensão do mundo capturada por suas lentes. Elas podem trabalhar individualmente ou em uma rede.
Um exemplo de uso seria um hospital analisar, em tempo real, padrões em imagens para detectar quando um paciente está para cair e alertar a equipe de enfermagem antes da queda.
Foco
O executivo-chefe da Microsoft, Satya Nadella, abriu o evento deste domingo e falou da transformação provocada pela presença de diferentes equipamentos inteligentes e conectados.
"Por anos construímos aplicações focadas em dispositivos, mas agora, eles estão em todo lugar. Temos que nos focar nos seres humanos e em todos esses dispositivos que estão em suas vidas", afirmou Nadella.
Ele também reforçou a necessidade de desenvolvimento responsável de inteligência artificial, como havia feito em evento no Brasil no dia 12. "Não é se perguntar o que os computadores conseguem fazer, mas o que eles devem fazer", repetiu.
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