Com Correio 24 Horas
"Quando uma mãe perde um filho, todas as mães do mundo perdem um pouco também". A frase estava estampada nas camisas de familiares e amigos de João Guilherme Santos da Mota, morto em uma ação da Polícia Militar na região conhecida como Cidade Baixa, em Salvador, Bahia, e sepultado nessa terça-feira (17). O estudante foi baleado na nuca e ficou desde o dia 13 até a segunda-feira internado no Hospital do Subúrbio, quando teve morte cerebral confirmada.
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O velório e enterro foram marcados por pedidos de justiça, que continuaram em uma manifestação no final da tarde em frente à companhia da PM em que os policiais envolvidos na ação são lotados.
João Guilherme era estudante do 8º ano e, segundo a família, não tinha envolvimento com crimes. A mãe dele diz que ele atendeu à ordem da polícia, não correu, mas ainda assim foi baleado. "Meu filho parou. Ele não correu. Porque a gente sempre ensinou a ele: 'se você vir uma viatura, não corra, peça pra te levar na sua casa. Mas não, eles mandaram meu filho se jogar no chão: 'se joga no chão, viado'. Foi isso que disseram pro meu filho. Tem gente que viu. Meu filho se jogou no chão, está com o rosto arranhado. Eu quero respostas", cobrou.
A PM afirma que atirou em uma troca de tiros com suspeitos e, após o fim do tiroteio, encontrou o jovem baleado e o socorreu. Diz ainda que apreendeu com ele um revólver calibre 32, um celular, uma balança, papelotes de maconha, crack e lança-perfume.
A família do rapaz diz que as ações policiais na região têm sido cada vez mais violentas: "Atira primeiro e pergunta depois", diz uma tia de João Guilherme.
Padrinho militar desaprova ação de "maus policiais"
Coronel da PM, um padrinho do garoto também lamentou o incidente e criticou os "maus policiais". “Isso é lamentável. Agem sempre assim na Cidade Baixa. O que a gente ouve é que há muita arbitrariedade, não só dessa guarnição. Esse Sargento Alves é muito falado pelo comportamento na Cidade Baixa. Mas todas as providências já foram tomadas", comentou.
Ainda segundo o coronel, a Corregedoria da PM tem que adotar providências, especialmente por conta da repercussão do caso. "A Corregedoria vai apurar com toda a isenção. A depender do crime, porque foi um homicídio, o que fizeram com o meu afilhado vai ter uma pena adequada. Quem pega uma pena acima de dois anos é excluído da corporação", reforçou.
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