Médicos retiram verme vivo de 8 centímetros de dentro do cérebro de mulher na Austrália

Publicado em 28/08/2023, às 21h25
Foto: Reprodução/Camberra Health -

Época Negócios

Médicos do hospital de Camberra, na Austrália, se surpreenderam ao retirar de dentro do cérebro de uma paciente um verme vivo de 8 centímetros. A mulher, uma idosa de 64 anos que mora no sudeste de New South Wales, foi internada pela primeira vez no hospital local no final de janeiro de 2021, após sofrer três semanas de dor abdominal e diarreia, seguida de tosse seca constante, febre e suores noturnos.

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No ano passado, aumentaram os sintomas: ela se queixava também de esquecimento e depressão, o que levou ao encaminhamento para o hospital de Camberra, conforme relato do jornal The Guardian. Ali, uma ressonância magnética do seu cérebro revelou anormalidades que exigiam cirurgia, realizada pelo neurocirurgião Hari Priya Bandi.

"Os neurocirurgiões lidam regularmente com infecções no cérebro, mas esta foi uma descoberta única na carreira. Ninguém esperava encontrar isso", relatou Sanjaya Senanayake, colega de Bandi. "Ele disse: você não vai acreditar no que acabei de encontrar no cérebro desta senhora – está vivo e se contorcendo", acrescentou Senanayake.

A descoberta surpreendente levou uma equipe do hospital a se reunir rapidamente para descobrir que tipo de lombriga era, a fim de decidir sobre qualquer tratamento adicional que a paciente pudesse necessitar.

"Camberra é um lugar pequeno, por isso enviamos o verme, que ainda estava vivo, direto para o laboratório de um cientista do CSIRO [Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation], que tem muita experiência com parasitas. Ele apenas olhou para o verme e disse: ‘Meu Deus, este é Ophidascaris robertsi’", relatou Senanayake.

Ophidascaris robertsi é uma lombriga geralmente encontrada em cobra pítons. O episódio foi registrado como o primeiro caso mundial desse parasita encontrado em humanos.

Como ela foi contaminada?

Segundo a reportagem, a paciente reside perto de uma área de lago habitada por pítons-tapete. Apesar de não ter contato direto com cobras, ela frequentemente coletava gramíneas nativas, incluindo folhas ao redor do lago para usar na culinária.

Os médicos e cientistas envolvidos no caso dela levantam a hipótese de que uma píton pode ter espalhado o parasita através das fezes na grama. Eles acreditam que a paciente provavelmente foi infectada pelo parasita diretamente ao tocar na grama nativa ou após comer as verduras.

Senanayake disse que a paciente precisava ser tratada para outras larvas que poderiam ter invadido outras partes do seu corpo, como o fígado. Mas, como não havia nenhum outro caso de tratamento para esse parasita, os médicos tomaram cuidado. Alguns medicamentos, por exemplo, podem desencadear inflamação à medida que as larvas morrem. Uma inflamação pode ser prejudicial a órgãos como o cérebro, por isso eles também precisaram administrar medicamentos para neutralizar quaisquer efeitos colaterais perigosos.

A paciente está se recuperando bem e ainda é monitorada regularmente, disse Senanayake, e os pesquisadores estão explorando se uma condição médica pré-existente que a deixou imunocomprometida poderia ter levado à disseminação das larvas. O caso foi documentado na edição de setembro da revista Emerging Infectious Diseases.

“Essa infecção por Ophidascaris não é transmitida entre pessoas, então o caso desta paciente não causará uma pandemia como a Covid-19 ou o Ebola. No entanto, a cobra e o parasita são encontrados em outras partes do mundo, por isso é provável que outros casos sejam reconhecidos nos próximos anos em outros países”, disse o médico.

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