Médico é indiciado por morte de idoso que sofreu queimaduras durante cirurgia no HGE

A Polícia Civil de Alagoas indiciou um médico do Hospital Geral do Estado (HGE) pela morte do idoso que sofreu queimaduras de 2° e 3° graus devido a um erro durante procedimento cirúrgico no último mês. O homem de 71 anos deu entrada na unidade hospitalar para retirada de um câncer e morreu após um quadro de infecção generalizada no último dia 10. 

Na manhã desta terça-feira (23), o médico, de 43 anos, esteve na sede do 22º Distrito Policial (22ºDP), onde foi ouvido pela polícia. De acordo com o delegado Waldor Coimbra, que está à frente das investigações, houve imperícia por parte do cirurgião e ele vai responder por homicídio culposo. 

"O médico disse à polícia que usou éter e álcool durante o processo de assepsia do local onde seria feito o procedimento cirúrgico no rosto do idoso. Segundo ele, esses líquidos são usados na medicina. Após o depoimento, concluímos que houve uma imperícia por parte desse médico. Esse quadro evoluiu ainda mais após a morte do idoso. Ele está há três anos no HGE e é uma pessoa que tem experiência no ramo. Diante dos fatos, o cirurgião vai responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar", explicou o delegado, em entrevista à reportagem da TV Pajuçara.

Ainda segundo as investigações, duas estudantes de medicina que acompanharam o procedimento cirúrgico e estavam na sala no momento do acidente serão ouvidas nos próximos dias. Um médico anestesista, que também teria participado da cirurgia, deve prestar depoimento.

Entenda o caso

• No dia 27 de março deste ano o paciente C.H.S., de 71 anos, foi admitido no HGE, proveniente do município de Flexeiras, acometido por câncer que atingiu o olho direito, com infecção parasitária por larvas no ferimento ocasionado pela doença;
• O idoso foi atendido inicialmente pelo cirurgião bucomaxilofacial, que realizou prescrição clínica, solicitou tomografia de crânio, área dos olhos, e cuidados da oftalmologia, que, após os exames, detectou que ele já se encontrava sem globo ocular pela evolução do caso;
• Diante da situação clínica apresentada, C.H.S. foi encaminhado para continuidade do tratamento por cirurgião de cabeça e pescoço, que indicou a cirurgião;
• Durante a realização do procedimento no centro cirúrgico do HGE houve um acidente com a combustão resultante do uso do éter para retirada das larvas, seguido de utilização bisturi elétrico, levando a queimaduras de 2º e 3º graus entre rosto, braços e tronco.