"Me preocupa serem apenas 30 dias de estudo", diz engenheiro sobre mudança de trânsito na orla de Maceió

Publicado em 03/01/2023, às 07h10
Foto: Reprodução/Secom Maceió -

Theo Chaves

A Prefeitura de Maceió, através da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito, trouxe uma publicação no Diário Oficial dessa segunda-feira, 02, sobre a criação de um Grupo de Trabalho, que vai estudar em um prazo de 30 dias a implantação de mão única no trânsito da orla marítima da capital alagoana. O estudo, segundo a prefeitura, tenta viabilizar um projeto para reduzir o congestionamento na região, que é bastante movimentada e apresenta grande circulação também de pedestres.

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Mas como tal medida poderá ser benéfica para o trânsito na localidade? 

Em entrevista ao TNH1, o engenheiro e especialista em trânsito, Antônio Monteiro, explicou que as mudanças não poderão ser feitas sem um estudo mais aprofundando. Monteiro diz ainda que o levantamento dos impactos causados pela implantação de uma via única na localidade requer mais tempo.

"Eu sou favorável sobre a criação de um estudo para a implantação de mão única no trânsito da orla, pois o tráfego na região é bastante travado e a circulação de pedestres no local é bem grande. Porém, o estudo não pode ser realizado em apenas 30 dias, pois temos que melhorar a fluidez e a mobilidade no local, e não apenas o fluxo de veículos. Uma mudança como essa requer um estudo mais amplificado, com a participação de outros órgãos, como, por exemplo, o Detran e o CREA. Também seria necessário montar uma comissão para avaliar o impacto das mudanças no entorno, e não apenas mudar o sentido de uma via", salientou o coordenador.

Segundo Antônio Monteiro, além de serem feitas obras na infraestrutura das ruas impactadas, é necessária a instalação de sistemas de controle do tráfego, principalmente nas vias que terão mão única.

"Não adianta você mudar o sentido de uma via se, posteriormente, não dimensionar o tamanho do impacto dessa mudança. Soluções para diminuir esse impacto precisam de tempo e estudo. Também é necessário planejamento para mudar toda a estrutura das ruas, que serão sedimentadas após essa mudança, e isso é feito com investimento na infraestrutura das ruas. Para que o impacto seja positivo, tem que ser implementados pontos de ônibus, canteiros, elevados, faixas, sinalização e, principalmente, redutores de velocidades. Quando você dimensiona uma rua para ter apenas um sentido, é necessário ter controladores de velocidades, pois um trânsito livre pode acarretar um aumento de velocidade", explicou Monteiro.

O coordenador ainda alertou que, devido a um gargalo na região do Corredor Vera Arruda, a região da Jatiúca deve ser uma das mais impactadas pela mudança, "Ao meu ver um dos locais que terá mais impacto é a região da Jatiúca. Temos a região do Corredor Vera Arruda. No local, temos o que chamamos de "gargalo", que são poucas avenidas para escoar o fluxo de veículos. Com essa mudança, teremos pouquíssimas opções de vias para mudar a dinâmica do fluxo", disse o engenheiro.

Antônio Monteiro ainda acrescentou que investimento em transporte público de qualidade é uma das soluções mais viáveis para diminuir o trânsito na capital alagoana.

"O fluxo de carros em Maceió é muito grande. Todas as mudanças no trânsito são apenas para tentar melhorar esse fluxo, e não são aplicadas para melhorar a mobilidade urbana. Quando falamos em mobilidade, estamos falando também em transporte público, pois melhorias nesse setor impactariam diretamente no fluxo de trânsito. Não temos um VLT que atende toda a região de produção da capital e não temos metrô. Também não temos linhas de ônibus que atendam todos os bairros. Uma outra falha é na integração entre os transportes, essa integração é praticamente inexistente no nosso transporte público. Deveríamos olhar de outra forma para o nosso trânsito. Temos que ter a participação e ouvir opiniões de representantes, pesquisadores, de urbanistas, do próprio Detran e de vários órgãos especialistas em trânsito", finalizou o engenheiro.

A nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Maceió e aguarda um posicionamento para acrescentar na matéria.

Enquete aponta que maioria dos alagoanos são favoráveis à mudança no trânsito da orla de Maceió - Uma enquete feita pelo TNH1 nessa segunda-feira, 02,aponta que o estudo para implementar mão única no trânsito da orla marítima de Maceió parece agradar aos alagoanos.  Ao todo 2.146 pessoas participaram da enquete. Desse total, 51,4% dos internautas que respondem acreditam que a mudança deve ser feita. Outros 32% responderam que não. Já 12,1%, sugerem que seja feito um teste e 4,4% acham que a mudança deve ocorrer somente na alta temporada. 

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