Redação
O senador Marcelo Crivella (PRB) está matematicamente eleito para a prefeitura do Rio com 59,16% dos votos válidos. O candidato da bancada religiosa vence Marcelo Freixo (PSOL), que contabiliza 40,84% dos votos válidos na capital fluminense.
O Rio foi às urnas neste domingo, 30, depois da mais dura campanha de sua história recente, marcada por ataques que misturaram religião, política e discussões sobre raça, gênero e sexo.
Favorito, Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, passou os últimos anos tentando descolar sua imagem da instituição e defendendo em tolerância, cercando-se de intelectuais de esquerda e personalidades do samba e até de religiões afro-brasileiras. Enfrenta o socialista Freixo, que procura se livrar da pecha de radical, aproximando-se de economistas liberais e rejeitando a associação de seu nome aos black blocs, acusação que enfrenta desde as manifestações de 2013.
Para o cientista social Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa foi uma disputa atípica. O primeiro turno foi marcado pela discussão da “não política”, em que os candidatos procuraram desqualificar os políticos e partidos e prometeram governo “não partidário e não ideológico”, diz.
“No segundo, mudou o cenário. Usaram o que chamo de publicidade de combate. As campanhas foram muito agressivas na desconstrução do adversário. Políticas e projetos ficaram de lado, fortalecendo o descrédito da população com a política.”
Ataque e contra-ataque. O segundo turno começou com debate morno entre Crivella e Freixo. A partir de então, o socialista passou a receber a colaboração de ex-assessores das campanhas do PMDB e do PSDB e mudou a sua estratégia, conforme o Estado revelou. A aposta foi na desconstrução de Crivella. Chamou a atenção para seus aliados, como o ex-governador Anthony Garotinho (PR), e reproduziu vídeo em que o evangélico recebe apoio de família de milicianos.
O senador se viu acuado. Passou a se recusar a participar de debates. Nas ruas, não respondia mais a perguntas dos repórteres. As pesquisas indicavam que a estratégia de Freixo surtiu efeito e a vantagem para o rival começava a cair.
Houve o acirramento da campanha, em que Freixo foi apresentado como defensor de black blocs, do aborto, acusado de ter embolsado parte do dinheiro arrecadado para ajudar a família do pedreiro Amarildo de Souza e de nepotismo, por ter supostamente conseguido emprego para a ex-mulher em um gabinete do PSOL. Na pesquisa seguinte, eles apareceram estacionados e a diferença só voltou a cair no levantamento deste sábado, 29.
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