Manifestantes pró e contra impeachment fazem ocupações em SP

Publicado em 11/04/2016, às 22h04

Redação

Desde domingo (10), manifestantes contra a abertura do processo de impeachment contra a presidente  Dilma Rousseff ocupam um espaço no Largo da Batata, na zona oeste da capital paulista, com 18 barracas.

Eles fazem parte do coletivo A Rua e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pretendem permanecer no local até domingo (17), quando se unirão a outros grupos sociais em um ato no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade.

“Nossa ideia foi pegar essa energia de mobilização contra o golpe – porque, na nossa opinião, esse pedido de impeachment que está tramitando no Congresso é um golpe – e resolvemos vir aqui para o Largo da Batata para chamar mais a atenção e fazer uma mobilização mais permanente até conseguirmos barrar o golpe, no domingo”, disse Josué Medeiros, do coletivo A Rua.

“No sábado (16), vamos encerrar aqui nossas atividades para, no domingo, podemos nos juntar lá [no Anhangabaú] com a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo.”

Segundo Medeiros, os manifestantes e artistas que ocupam o Largo da Batata defendem, principalmente, a democracia. “Essa não é uma defesa do governo, mas da democracia.

Mas sabemos que, se tiver um impeachment como esse, que é um golpe, a situação para quem luta ou quer transformar o Brasil vai piorar com mais repressão e mais cerceamento dos direitos e das liberdades”, ressaltou.

Esta é uma das ações do movimento, que também aproveita o espaço para a ação cultural Ocupe a Democracia. Um palco foi instalado no Largo da Batata e ali se apresentarão diversos artistas nos oito dias de ocupação.

Ontem (11) quem se apresentou foi Chico César. São esperados ainda shows de Tulipa Ruiz, Tiê, Edgard Scandurra e Filipe Catto, entre outros.

Na tarde desta segunda-feira (11), quando a reportagem da Agência Brasil visitou o local, houve apresentações dos artistas de circo Pakitos Cuecacuela e da cantora Iara Rennó.

“Somos contra o golpe e queremos radicalizar a democracia depois que barrarmos o golpe. Não estamos satisfeitos com a democracia que temos. Queremos mais: mais liberdade, mais direitos e mais condições de realizar nossos desejos e demandas”, acrescentou Medeiros.

Pró impeachment

Há quase um mês, manifestantes que defendem a saída de Dilma ocupam a frente do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista.

Na tarde de hoje, a reportagem da Agência Brasil esteve na ocupação e contou 16 barracas, além de um espaço maior, uma tenda, onde eles mantêm uma geladeira e cadeiras para descanso.

As barracas estão ocupadas desde o dia 16 de março e os manifestantes não têm uma data para deixar o local. Em média, segundo os manifestantes, cerca de 30 pessoas dormem na ocupação todos os dias.

Em alguns momentos, eles apitam ou seguram faixas pedindo o impeachment e buscando apoio de motoristas que passam pela Paulista. Alguns motoristas buzinam em apoio aos manifestantes.

O motoboy Rodrigo Ikezili é um do que ocupam a frente da Fiesp desde o dia 16 de março. Ikezili diz que não faz parte de nenhum movimento e que deixou a esposa e duas filhas em casa para participar do ato porque quer mudar o país.

“Nosso foco é o impeachment, no primeiro momento. Depois, conversaremos com todos [da ocupação] para ver como vai ser”, disse ele.

“Aqui há vários grupos, mas temos um consenso. Tem os que têm a ideologia do intervencionismo, os "impeachmentmistas", os que defendem a reforma geral na política. Minha opinião é que a reforma geral seria o mais importante. Há duas formas de acontecer a reforma política: ou pela intervenção ou uma nova eleição. Mas para mim, para minha ideologia, e falo isso por mim, a reforma política é necessária no país”, afirmou o motoboy.

Sobre a rotina na ocupação, Ikezili contou que eles vivem de doações. Os manifestantes, segundo ele, se alimentam com comidas que chegam das doações e são preparadas na casa de algum apoiador do movimento.

Ele nega que a Fiesp esteja colaborando com o movimento.

“A Fiesp cede apenas o banheiro e um ponto de luz. É o povo que dá a comida. É tudo doação”, ressaltou. “Nas duas primeiras semanas, eu intercalava [um dia dormia no local, outro não]. Agora estou efetivamente aqui.”

No próximo domingo, as pessoas que participam da ocupação vão se unir com os demais manifestantes que pedem o impeachment e convocaram um ato na Avenida Paulista.

Gostou? Compartilhe

LEIA MAIS

PGR se manifesta contra autorização para viagem de Bolsonaro aos EUA Projeto prevê prisão de quem divulgar imagens de suicídio ou automutilação Familiares, autoridades e admiradores prestam as últimas homenagens a Benedito de Lira Políticos e jornalistas revivem 8 de janeiro: dia entrou para história