Claudinei Queiroz / Folhapress
Um fenômeno solar chamou a atenção da comunidade científica neste início de dezembro. Entre os dias 4 e 5 apareceu na superfície do Sol uma mancha gigantesca de cerca de 800 mil quilômetros de extensão, do tamanho de 60 Terras, indicando a presença de uma tempestade geomagnética, que, dependendo de sua intensidade, pode provocar danos no campo magnético da Terra.
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A surpresa dos cientistas se deu porque a mancha, conhecida como buraco coronal, apareceu no momento em que o Sol está chegando ao auge do seu ciclo de 11 anos, conhecido como máximo solar, que deve ocorrer em 2024. Segundo o Centro de Predições do Tempo Espacial, da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), esses fenômenos costumam aparecer maiores e com mais frequência no mínimo solar, quando a atividade é menor na estrela.
Na imagem divulgada pelo Observatório de Dinâmica Solar da Nasa (agência espacial americana), a mancha aparece como áreas escuras na coroa solar. No entanto, elas só são visíveis por meio de aparelhos óticos que mostram raios ultravioleta extremos (EUV) e raios-X suaves.
Segundo o NOAA, eles aparecem escuros porque são regiões mais frias e menos densas do que o plasma ao redor e são regiões de campos magnéticos abertos, que permitem que o vento solar escape mais facilmente e com maior velocidade para o espaço, resultando em correntes conhecidas como de alta velocidade.
Cientistas americanos previam que essa tempestade geomagnética poderia chegar ao nível de intensidade G2, que pode causar danos a transformadores na superfície terrestre e interferir no controle de naves espaciais, por exemplo. No entanto, ele ficou no menor nível (G1).
O único efeito visível para os humanos é a aurora boreal, as nuvens brilhantes e coloridas que normalmente aparecem nos polos do planeta, mas que, de acordo com a intensidade da tempestade geomagnética, podem ser vistas em latitudes cada vez mais baixas, ou seja, mais próximas à linha do Equador.
Para uma melhor compreensão das pessoas comuns, o NOAA criou uma escala das tempestades geomagnéticas, com cinco níveis: G1 (menor), G2 (moderado), G3 (forte), G4 (severo) e G5 (extremo). Quanto mais forte a intensidade, mais raros são os fenômenos durante o ciclo solar de 11 anos.
O último grande buraco coronal que apareceu no Sol foi em março deste ano. Aquele, no entanto, provocou uma tempestade geomagnética que atingiu o pico como um nível G4, surpreendendo os especialistas. A inesperada força da tempestade não apenas tornou as auroras visíveis até o Novo México, nos EUA, mas também forçou a empresa de voos espaciais Rocket Lab a adiar um lançamento de foguete por 90 minutos, segundo o site Space.com.
De acordo com o The Washington Post, as duas maiores tempestades geomagnéticas de que se tem notícia ocorreram em 1859 e em 1921. A primeira, que ficou conhecida como Evento Carrington, em setembro daquele ano, provocou auroras até o Taiti, que está a apenas 1.950 quilômetros da linha do Equador. E picos de eletricidade paralisaram os sistemas telegráficos do mundo, interrompendo as mensagens.
A outra ocorreu em maio de 1921, interrompendo e danificando os sistemas telefônicos e telegráficos dos Estados Unidos e dos países da Europa. Há relatos de estações telegráficas que pegaram fogo após serem atingidas pela tempestade. A aurora foi vista no estado americano da Califórnia.
Confira os impactos das tempestades geomagnéticas na Terra:
G1 (MENOR) - FREQUÊNCIA DE 1.700 CASOS POR CICLO DE 11 ANOS DO SOL
G2 (MODERADO) - FREQUÊNCIA DE 600 POR CICLO
G3 (FORTE) - FREQUÊNCIA DE 200 POR CICLO
G4 (SEVERO) - FREQUÊNCIA DE 100 POR CICLO
G5 (EXTREMO) - FREQUÊNCIA DE 4 POR CICLO
Fonte: Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA)
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