Mais segurança: Arthur Lira articula PEC para ampliar combate a facções criminosas e melhorar controle das fronteiras

Publicado em 29/07/2024, às 15h12 - Atualizado às 15h12

Redação

Uma das ideias do presidente da Câmara dos Deputados é que as Forças Armadas deveriam vender imóveis em áreas urbanas valorizadas para conseguir recursos.

Com isso, o governo poderia instalar postos militares nas fronteiras e impedir a entrada no Brasil de armas que têm servido, na prática, para equipar o crime organizado e ampliar os índices de violência.

As jornalistas Vera Rosa e Mariana Carneiro explicam:

“O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL) articula a apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para endurecer as penas de facções criminosas e controlar fronteiras. Além da regulamentação da reforma tributária, Lira quer deixar como marca de seu mandato uma proposta que amplie os crimes inafiançáveis ligados a tráfico de armas, drogas e milícias, dificultando a soltura de integrantes de facções.

Lira, por sua vez, tem dito que vai investir em uma proposta mais direcionada às facções criminosas e acha que o plano de transformar a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Polícia Ostensiva Federal, como sugere o Ministério da Justiça, não vai funcionar.

‘É muito positivo o governo federal se preocupar com o assunto, mas não de maneira superficial’, disse o professor da FGV-SP Rafael Alcadipano, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. ‘Precisamos de uma proposta concreta para articular esforços com os Estados e tirar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) do papel’, emendou.

A maior ameaça à democracia atualmente, no diagnóstico de Alcadipani, reside no crime organizado. ‘O problema da segurança pública no Brasil não é dinheiro. É não saber gastar os recursos’, constatou o professor.

Quando o Congresso voltar do recesso, em agosto, o presidente da Câmara anunciará não apenas o candidato que vai apoiar para a sua sucessão, em fevereiro de 2025 – até agora, o mais cotado é o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) –, como tentará investir na pauta da segurança.

A proposta que Lira quer levar à discussão no fim de seu mandato endurece a Lei de Execução Penal. O plano é tornar mais rígidos os critérios de mudança do regime de cumprimento da pena para condenados de facções criminosas.

Líderes de partidos observam que Lira tem apostado nesse discurso para atrair apoio da direita a seu candidato à sucessão na Câmara. Afirma, por exemplo, que assalto com fuzil deve ser enquadrado na categoria dos crimes que não admitem pagamento de fiança para soltura do preso.

Embora o presidente da Câmara também precise do apoio da esquerda, a tendência é emplacar o seu candidato se conseguir mais respaldo em partidos do Centrão e na ala evangélica.

Nas conversas com aliados, Lira também vê leniência do governo no controle ao tráfico nas fronteiras. Sob o argumento de que o Brasil não produz cocaína nem metralhadora e outras armas pesadas, ele destaca que tudo entra no País pelo tráfico.

É justamente nesse ponto que aparece uma sugestão polêmica: o presidente Câmara propõe que as Forças Armadas vendam imóveis localizados em áreas urbanas valorizadas – muitos deles servindo apenas como moradia -, com o objetivo de financiar a construção de postos de fiscalização nas fronteiras.

Lira avalia que essa discussão pode prosperar, desde que o governo reforce o orçamento das corporações. A contabilidade federal, porém, caminha em outra direção. Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um congelamento de R$ 15 bilhões em despesas para cumprir a meta fiscal deste ano…”

 

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