Lula tolera inflação para bancar sua reeleição

Publicado em 21/12/2024, às 18h00

Flávio Gomes de Barros

Jornalista Carlos Andreazza:

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"O governo comunica que é condescendente com a inflação. Mais: que a inflação faz parte dos planos. É o que informa Lula ao declarar que "a inflação está total,ente controlada". Não se trata de delírio; antes de projeto. Projeto político-eleitoral. Repetido.

O presidente informa que essa inflação que ganha corpo, estoura o limite máximo de tolerância da meta e mostra os dentes é aceitável, se a contrapartida for bancar até 2026 o voo de galinha do PIB.

O projeto: levar-empurrar esse crescimento artificial e insustentável até o ano eleitoral, aprovar – como fez Bolsonaro – uma PEC Kamikaze para jorrar bilhões na economia e financiar a tentativa de reeleição, reeleição também do Parlamento, e rolar a bomba fiscal do endividamento descontrolado até 2027.

Você já viu a aterrissagem de galinha parruda que se lança ousada ao céu confiando na própria capacidade de voar longamente? Você já viu.

O que se chama de mercado, como se força monolítica fosse, demorou a entender a natureza deste governo. Foi generoso com a natureza fiscal expansionista do governo Lula. O que se chama de mercado, o cara que financia a dívida do gastador, ignorou – escolheu esquecer – a PEC da Transição. Decidiu fingir que não pactuavam – Executivo e Legislativo – pela jorração de quase R$ 170 bilhões na economia; para estimular-impulsionar a forja artificial deste crescimento sem lastro.

Tudo estava dito-contratado ali. Em 2023. Ainda em 2022. A turma preferiu acreditar no arcabouço natimorto fiscal, mesmo exposta a inviabilidade essencial – imediata – do troço. O que se chama de mercado, o sujeito pessimista que errou feiamente na estimativa do PIB, é o mesmo – otimista – que errou belamente nas projeções de inflação e juros.

Nunca é tarde para despertar, não sendo o meu o dinheiro que gerem. O pacotinho fiscal cumpriu o papel de despertador. Constatado o óbvio somente agora: que o governo – governo petista – que não controla estruturalmente as despesas no início do mandato jamais o fará da metade para o fim, considerados ademais os recados extraídos das eleições municipais e da vitória de Trump nos EUA.

O projeto – político-eleitoral – é por reforçar a aposta na expansão fiscal, com toda sorte de contrabando parafiscal sendo respondida por pentes-finos pontuais; para que se batam metas tornadas fins em si mesmas, descoladas do ritmo de progresso da dívida pública.

Um dos produtos perversos deste projeto de poder, o dólar que se acomoda aos R$ 6, tem sido atribuído a movimento especulativo do mercado malvadão. Especulação que, havendo, derivaria de condições oferecidas pelo governo que se vitimiza. Ninguém especula sobre a certeza, a segurança, a previsibilidade."

 
 
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