Livro: A história da cidade onde as pessoas estão enterradas vivas - e não sabem

Publicado em 26/11/2018, às 19h48
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Assessoria

Os habitantes de Enterro batalham por pequenos carimbos, assinaturas, micro-barganhas, desde que eles estejam na engrenagem que faz movimentar a cidade. Eles se dividem nas funções: vigiam uns aos outros, controlam a entrada a quem quer ingressar nas hierarquias. Outros puxam tapetes, espalham fofocas, executam as maldades. Todos sustentam quem está por cima- os herdeiros dos colonizadores, com rostos e cabelos aprovados pela sociedade. São os que vencem, sempre.

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Misturando realismo fantástico e análise social, a escritora Ana Cláudia Laurindo lança seu 5º livro, “Etnotrancoso Alagoano: Colóquios Não Autorizados”. Ela vai desenrolando as muitas histórias reais da fictícia Enterro, onde todas as pessoas são enterradas vivas, mesmo sem saberem. No pequeno território, o vendedor fazia sucesso ao mostrar o amendoim que “cheirou peidou, comeu cagou”; o político esculhambava os moradores no palanque, era motivo de risada e, por isso, ganhava as eleições; o velho que se tornou o maior financiador do pastoril porque queria ver as meninas dos blocos Azul e Encarnado desfilando as suas pernas nuas; a mulher velha com o marido que tarava as próprias filhas e outras tantas com a virgindade perdida, o maior tesouro de uma mulher em Enterro.

“Quando dizemos que o nordestino de Enterro é, acima de tudo, um forte, afirmamos com igual certeza que a mulher combativa de lá é uma mulher mais que forte, ela é resistente e acima de tudo uma sobrevivente”, diz a escritora no prefácio da obra.

As histórias comuns de homem, mulheres, crianças viram matéria-prima no livro. O cenário é a casa de farinha, o rio Camaragibe, as panelas de barro, a cavalhada,  a lenda mal-humorada do Frão- o homem da calça arrochada acima do umbigo.

“Lugar pequeno é acostumado com isso, e a vida de cada núcleo parece desfiar energia única e contida, válida apenas para aquela mesma gente, rua e casa”, diz a escritora. 

O cantor Máclein Carneiro é a atração musical do evento.

Serviço:

Etnotrancoso Alagoano: Colóquios Não Autorizados
Autora: Ana Cláudia Laurindo
Lançamento: 6 de dezembro de 2018
Local: Memorial à República (praia da Avenida)
Hora: Das 19 às 22 horas.

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