TNH1 com TV Pajuçara
Foi adiado o júri popular do Caso Kléber Malaquias, empresário morto no banheiro de um bar no município de Rio Largo no ano de 2020. O julgamento de três réus estava marcado para esta quarta-feira (17) em Maceió, no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, mas teve o pedido de adiamento, feito pela defesa de um dos acusados, atendido pelo juiz José Braga Neto, da 8ª Vara Criminal de Maceió.
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Segundo o que foi passado ao TNH1, pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), a nova data já foi definida. O novo júri vai ser realizado no dia 19 de setembro de 2024.
O julgamento foi adiado depois de a defesa de um dos réus apresentar depoimentos novos na véspera do julgamento. O MPAL pediu desentranhamento desses documentos do processo e o juiz aceitou o pedido do órgão estadual. Então, a defesa pediu pelo adiamento do júri.
A promotora de Justiça Lídia Malta comentou sobre a decisão. "Havia depoimento tomado de forma unilateral, e o que causou bastante estranheza é que essa testemunha já havia sido arrolada por outro acusado. Então de fato o MP quer a produção dessa prova, mas não da maneira que foi feita, foi ilegal. O MP quer que a prova seja analisada pelos jurados, pelos destinatários de provas, e não, as escusas, como a defesa pretende".
Fredson José dos Santos, Edinaldo Estevão de Lima e José Mario de Lima Silva, três dos seis acusados da morte de Malaquias, seriam ouvidos pelo Conselho de Sentença depois dos depoimentos de testemunhas arroladas pelo MPAL e pela defesa dos réus.
MPAL quer condenação por homicídio duplamente qualificado
O promotor de Justiça Kléber Valadares havia destacado, em entrevista no programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara, a expectativa do MPAL para o julgamento. "A expectativa da promotoria é de que os réus a serem julgados venham a ser condenados pelo homicídio duplamente qualificado em face de Kléber Malaquias, a vítima. Tendo em vista o fato de que primeiramente a vítima teve reduzidas as possibilidades de qualquer resistência. Foi morta confinada em um banheiro. Além disso, o crime em questão foi de mando, com vies político. Então em razão disso, vai ser pedida a condenação pelo homicídio duplamente qualificado".
A promotora Lídia Malta também havia explicado que o julgamento tinha sido realocado para Maceió para evitar interferências. "Foi um crime cometido em uma rede complexa de provas, robustas, produzidos em cooperação técnica entre a polícia Civil e Federal [...] A Lei permite que, em casos como esse, que geram grande repercussão local, e que possam comprometer a parcialidade dos jurados ou ao menos tornar questionável do ponto de vista social, o julgamento pode ser realocado para uma comarca diversa. Nesse aspecto o Conselho de Sentença deve ser composto por cidadãos que não terão interesse direto e não serão intimados por qualquer pressão que se tenha no julgamento".
O TNH1 não conseguiu contato com a defesa dos réus, mas deixa o espaço aberto para manifestação. Além de Valadares e Malta, o promotor de Justiça Tácito Yuri também ia atuar hoje no júri.
O caso
Kleber Malaquias ficou conhecido, inclusive nacionalmente, por denunciar crimes cometidos por políticos e outras autoridades. Segundo o MPAL, essa teria sido a razão por trás do homicídio de Malaquias, crime elaborado de forma minuciosa, contando com a adulteração de placa de veículos e a habilitação de linhas telefônicas para dissimular as comunicações entre os envolvidos.
A vítima, que evitava sair de casa por conta da sua segurança, foi atraída para um posto de gasolina no dia do crime, por volta de 10h30, a convite de Edinaldo, que havia sido instruído por José Mario. Em seguida, eles seguiram para o Bar da Buchada por volta de 14h da tarde. Uma hora depois, Kleber pediu a conta e se dirigiu ao banheiro, sendo seguido por Fredson. No local, o autor do crime disparou contra a vítima.
Apesar de o crime ter ocorrido em Rio Largo, o julgamento será em Maceió. O MPAL deu parecer favorável ao pedido de desaforamento para garantir a imparcialidade na decisão dos jurados e também por conta do temor das vítimas indiretas do crime caso o julgamento fosse realizado em Rio Largo.
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